McGuinness demite-se e faz cair governo da Irlanda do Norte
Dirigente do Sinn Féin sai em protesto contra a recusa da líder do executivo de se afastar durante investigação a um esquema que lesou cofres do Estado.
Martin McGuinness demitiu-se do cargo de vice-primeiro-ministro do governo da Irlanda do Norte, em protesto contra a recusa da líder do executivo, a unionista Arlene Foster, em abandonar o cargo na sequência de um plano de energias renováveis que se revelou ruinoso para os cofres públicos. A demissão do dirigente do Sinn Féin provoca a queda do governo autónomo, ameaçando desestabilizar a situação política na Irlanda do Norte.
A realização de eleições na Irlanda do Norte – onde ao abrigo do entendimento que pôs fim ao conflito na região o poder é partilhado pelos partidos mais votados das duas comunidades, republicanos e unionistas – é uma má notícia para a primeira-ministra britânica, Theresa May, ao abrir uma nova frente de crise num momento em que Londres se prepara para o início das negociações formais para a saída da União Europeia.
No centro desta nova crise a abalar a situação política na Irlanda do Norte está um plano do executivo para oferecer grandes incentivos financeiros a empresas, explorações agrícolas e outro consumidores não-domésticos para usarem energias alternativas para aquecimento – um esquema que terá sido usado por alguns empresários para receber grandes quantias do Estado e que, segundo os críticos, pode vir a custar aos contribuintes mais de 490 milhões de libras.
O Sinn Féin tinha exigido a Foster, que era a ministra responsável pelo plano quando ele foi lançado, em 2012, para se afastar do cargo pelo menos durante a investigação ao caso. Mas a dirigente do Partido Democrático Unionista (DUP), repetiu nesta segunda-feira que não o faria, precipitando a demissão de McGuinness e a queda do executivo.