Há 360 mil euros para reabilitar parte do rio Trancão, em Loures
A intervenção pretende “devolver as margens do rio à população” com a criação de percursos pedestres e cicláveis numa das margens do rio.
A cor negra e o mau cheiro daquele que ficou conhecido como um dos rios mais poluídos da Europa e o mais poluído do país, o rio Trancão, já são história. Esta é a garantia da Câmara Municipal de Loures que pretende “dar o passo em frente” na reabilitação do rio, um afluente do Tejo. Depois de dois anos de limpeza da água e das suas margens, a autarquia apresentou esta sexta-feira um projecto de requalificação de parte do rio Trancão, orçado em 364 mil euros.
Esta requalificação, inserida no projecto-piloto “Valor Rio” financiado por fundos comunitários e pela autarquia, vai abranger cerca de dez quilómetros de curso do rio na freguesia de Bucelas até à fronteira com o concelho de Mafra. Esta intervenção pretende servir de “ensaio” para, “num futuro próximo”, se possível expandir o modelo a todo o concelho de Loures. Até ao final do primeiro semestre deste ano, vai ser criado um Plano Estratégico de Reabilitação das Linhas de Água como documento orientador de futuras intervenções nas linhas de água do concelho, avançou Tiago Matias, vereador com o pelouro do ambiente da Câmara de Loures.
Nos últimos dois anos, a autarquia e os proprietários dos terrenos – a maioria agrícolas ou de floresta - nas margens do rio Trancão, em Bucelas, têm vindo a limpar o rio. “Temos quase metade, à volta de quatro quilómetros, já intervencionado”, referiu Tiago Matias. A prioridade agora é “devolver as margens à população” com a criação de percursos pedestres e cicláveis numa das margens do rio.
Para além da vertente de lazer, a intervenção tem como meta a prevenção de cheias, a recuperação paisagística e a abertura de acessos aos campos agrícolas e outros terrenos nas margens do rio – parte deles propriedade privada -, “favorecendo a aproximação da população à linha de água”. Outras das prioridades é a reposição da flora autóctone das margens do Trancão, “essencialmente freixos e choupos, perdidos pela proliferação de infestantes”.
O controlo destas plantas é o desafio que se impõe nesta intervenção: “As canas multiplicam-se na mota do rio”. Tiago Matias prevê, por isso, que as obras em Bucelas fiquem concluídas ao fim de um ano e a manutenção se prolongue por mais três. “É necessário continuar a cortar as canas e garantir que não proliferam no final desta intervenção”, afirmou.
O vereador pretende que este seja um trabalho contínuo e transversal aos próximos mandatos autárquicos. Por essa razão, vai constar no plano uma estratégica de intervenção “para mais de dez anos”, sublinhou.
Este projecto de requalificação e valorização do rio Trancão é feito em parceria com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que fará a monitorização da qualidade da água, e com a empresa Engenho e Rio, que elaborou o projecto de reabilitação.