O embaixador britânico na União Europeia (UE) demitiu-se de forma abrupta e surpreendente, a poucos meses do prazo definido pela primeira-ministra britânica, Theresa May, para iniciar as negociações formais sobre o "Brexit".

Ivan Rogers, que tinha sido nomeado pelo ex-primeiro-ministro David Cameron, disse nesta terça-feira aos seus colaboradores que vai deixar o cargo mais cedo, noticiou o Financial Times (FT), afirmando que o diplomata sai no meio de tensões com Downing Street. O seu mandato terminava em Novembro.

Segundo o FT, Rogers não apresentou justificações para a demissão e causou surpresa entre os funcionários, uma vez que é considerado um dos mais experientes diplomatas britânicos na União Europeia. Mas a BBC noticiou no mês passado que o embaixador disse a alguns ministros de Theresa May que a saída do Reino Unido a UE poderia levar dez anos a concretizar, mostrando-se muito céptico em relação ao processo iniciado pelo referendo de Junho do ano passado.

Uma vez iniciado o artigo 50 do Tratado de Lisboa, há um prazo de dois anos para concretizar a saída de um país da União Europeia. Theresa May definiu que as negociações formais sobre a saída do Reino Unido da UE começarão até ao final de Março deste ano.

Nomeado no final de 2013, Ivan Rogers foi um dos principais conselheiros de David Cameron nas negociações com a UE para tentar obter novas concesões de Bruxelas que, na opinião do ex-primeiro-ministro, deveriam ser suficientes para evitar a recusa dos britânicos em permanecer no bloco europeu.

De acordo com o FT, o embaixador britânico da UE era também próximo de May, mas as relações com a equipa da primeira-ministra têm vindo a deteriorar-se nos últimos meses.