Documentos usados como reivindicação
Em vários atentados na Europa têm sido encontrados documentos de identificação dos seus autores.
Uma e outra vez, as autoridades anunciam, após um atentado, que encontraram um documento no local que pertencerá ao atacante.
Em Berlim, isso voltou a acontecer no atentado contra o mercado de Natal. No camião usado como arma de arremesso contra a multidão, estava um documento de autorização temporária de residência do Estado alemão em nome de Anis Amri. A polícia não partiu logo do princípio de que isto significasse que este era o atacante – só o fez depois de serem identificadas as impressões digitais.
Já houve casos em que autores de atentados terroristas usaram documentos falsos, como nos atentados de 13 de Novembro de 2015 em Paris: junto ao corpo de um dos bombistas suicidas estava um passaporte que primeiro se pensou ser de um refugiado sírio e depois se soube ser de um soldado que já tinha morrido há vários meses: terá provavelmente sido deixado como pista para confundir as autoridades.
A primeira hipótese colocada no caso de Berlim era que tivesse perdido o documento na luta com o condutor original do camião, um polaco que foi morto numa luta com o atacante.
Mas muitas vezes, o uso de documentos é a forma do autor do atentado chamar a atenção para si próprio, dizia no Twitter o especialista em extremismo Ahmad Mansour. “Os terroristas são narcisistas. Querem ser visíveis. Não se esquecem dos documentos, fazem-no intencionalmente.”
O condutor de Nice, Mohamed Lahouaiej Bouhlel, deixou propositadamente um documento no camião. Nos atentados de Paris, além do passaporte falso, havia um documento verdadeiro: um dos bombistas deixou a sua identificação num carro onde estavam também armas usadas no ataque, e o mesmo fez um dos atacantes contra o Charlie Hebdo, também em Paris, lembra a revista alemã Focus.