Bruxelas acusa Facebook de ter dado informação enganadora na compra do Whatsapp
Processo não vai alterar a luz verde já dada pela Comissão Europeia.
A Comissão Europeia diz ter recebido “informação incorrecta ou enganadora” do Facebook quando, em 2014, estava a rever a compra da aplicação de mensagens Whatsapp pela rede social, um negócio de quase 14 mil milhões de euros que acabou por receber autorização do regulador e que já está concretizado.
O regulador europeu diz que quando estava a analisar a aquisição, uma das questões que abordou foi a possibilidade de as contas dos utilizadores do Facebook e do WhatsApp poderem ser associadas automaticamente, permitindo assim às empresas saber quais as contas de Facebook correspondentes a cada utilizador da aplicação de mensagens. A Comissão afirma que, nas respostas que na altura recebeu do Facebook, a empresa garantiu não conseguir fazer aquele processo de forma automática e fiável.
Porém, em Agosto deste ano, o WhatsApp anunciou que passaria a fazer a ligação entre os números de telemóvel dos utilizadores e as respectivas contas de Facebook, algo que, para Bruxelas, vem contrariar as declarações que esta a rede social tinha feito. “A Comissão assume a posição preliminar de que, ao contrário das declarações e respostas do Facebook durante a análise da fusão, a possibilidade técnica de automaticamente fazer corresponder a identificação dos utilizadores do Facebook com a identificação dos utilizadores do WhatsApp já existia em 2014”, lê-se num comunicado emitido nesta terça-feira. “A Comissão, por isso, tem preocupações com o facto de o Facebook, de forma intencional ou negligente, ter submetido informação incorrecta ou enganadora”.
A Comissão Europeia ressalva que esta questão, apesar de ter sido abordada, não foi tida em conta no processo de aprovação da compra e não haverá alterações à decisão já tomada. O Facebook, que também está sob a mira de Bruxelas em processos relacionados com privacidade e tratamento de dados pessoais, tem agora até ao final de Janeiro para dar uma resposta. A confirmar-se, a infracção poderá implicar uma multa até 1% da facturação da empresa.