Há necessidade de aumentar S. Bento para receber a Time Out? Vereadores têm dúvidas
Pedido de Informação Prévia foi enviado para a Sociedade de Reabilitação Urbana, mas esta entendeu que o documento devia ser avaliado também pela autarquia, que vai agora apreciar o projecto.
A Câmara do Porto vai avaliar o Pedido de Informação Prévia (PIP) que a Time Out enviou à Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) e à Direcção-Geral do Património Cultural sobre o projecto que pretende implementar na estação de S. Bento. Apesar de, formalmente, ser a SRU a ter que se pronunciar sobre este documento, o mesmo foi já enviado ao município para que também os serviços de Urbanismo se pronunciem, foi anunciado esta terça-feira na reunião do executivo presidido por Rui Moreira, onde se questionou a necessidade de fazer novas construções onde há tanto espaço disponível.
O tema chegou à reunião pela voz do vereador da CDU, Pedro Carvalho, que disse temer alguma “inércia” por parte da autarquia em relação aos projectos que foram anunciados para o edifício que é monumento nacional. “A câmara não pode cruzar os braços sobre o facto consumado”, argumentou. Rui Moreira defendeu, contudo, que, depois da “surpresa” inicial de ter sido confrontado com projectos que desconhecia por completo, durante o centenário da estação, a 5 de Outubro, se reuniu com os proprietários do espaço, a Infra-Estruturas de Portugal (IP), dando-lhes conta que, estando em causa um edifício tão importante para a cidade, a autarquia teria que ser ouvida. “A câmara actuou como devia actuar”, considerou.
Recorde-se que está em curso a construção de um hostel, voltado para a Rua da Madeira, e que, conforme o PÚBLICO noticiou, a Time Out já entregou à SRU o PIP sobre o Market Time Out, que pretende instalar no lado oposto da estação, na fachada voltada para a Rua do Loureiro. Esta proposta prevê a construção de uma nova estrutura, agregada ao edifício actual, para que seja possível instalar a oferta anunciada para o local: um espaço com 2200 metros quadrados, com 500 lugares, 15 restaurantes, quatro bares, quatro lojas, uma cafetaria e uma galeria de arte.
Apesar de o PIP estar ainda em avaliação pelos serviços da SRU, o vereador Rui Losa, que é simultaneamente o representante da autarquia nesta sociedade, afirmou, esta terça-feira que é “inqualificável” querer construir uma estrutura que duplica a área disponível no próprio edifício da estação, composta por armazéns devolutos. “A afectação do edificado será ou não legítimo, há espaços disponíveis, mas já agora vamos construir e duplicar o espaço existente. Isto parece-me inqualificável”, disse.
Também o vereador do Urbanismo, Manuel Correia Fernandes, deixou o aviso de que está em causa “uma zona muito delicada” e que “não se pode trabalhar a estação de S. Bento sem trabalhar a Avenida da Ponte e o nó que ali existe”. Contudo, o autarca não quis emitir qualquer opinião sobre o que já se conhece da proposta da Time Out, defendendo apenas que “a participação da Câmara do Porto no prosseguimento do processo está de acordo com o que deve ser”.
Na reunião em que foi aprovado o envio para discussão pública do conjunto de alterações ao regulamento da movida portuense (com a abstenção da CDU) e também a criação do Prémio Internacional de Artes Visuais Paulo Cunha e Silva (por unanimidade), o presidente da câmara Rui Moreira disse ainda estar “muito confiante” nos resultados dos estudos de procura que irão determinar a expansão da rede do Metro do Porto.
O autarca respondia ao vereador do PSD Ricardo Almeida, que questionou a ausência de uma proposta para o Norte – ao contrário do que acontece com o metro do Lisboa -, dizendo acreditar que a cidade vai receber parte do investimento previsto. “Julgo que estudo estará pronto ainda este mês ou em Janeiro e estamos convictos que haverá uma expansão baseada na procura”, disse Moreira, considerando que, neste caso, a cidade será obrigatoriamente contemplada com, pelo menos, parte dos 260 milhões de euros que o Governo disse ter para investir no Metro do Porto.
Em Julho, Rui Moreira insurgira-se contra uma proposta da CDU, aprovada por unanimidade na Assembleia da República e posteriormente desacartada, para que o Metro do Porto prolongasse as suas linhas para a Trofa, Gondomar e Gaia, deixando de fora qualquer intervenção no interior da cidade. Agora, o autarca disse acreditar que o estudo em curso permitirá “fazer uma escolha balizada, não pela Assembleia da República, em Lisboa, mas pela procura”.