Síria
A retirada de Alepo e o sonho de um dia poder voltar
Esta segunda-feira de madrugada recomeçou a evacuação de Alepo (e também a de Fua e Kefraya), com milhares de pessoas a serem levadas para o campo de Rashideen, numa área rural da província com o mesmo nome da cidade que está ainda nas mãos dos rebeldes. Muitos irão daqui para Idlib, a única grande cidade que continua a escapar ao regime com a queda de Alepo. A retirada da população tinha começado no final da semana passada, mas foi interrompida depois de islamistas terem incendiado cinco autocarros que se destinavam a retirar sírios de duas cidades cercadas pelos rebeldes.
Quem sai descreve horas ao frio dentro dos autocarros ou na rua à espera. "Estávamos cheios de fome. À nossa volta vendiam cigarros por sete mil libras sírias (cerca de 30 euros) e uma garrafa de petróleo custava cinco mil libras sírias (cerca de 22 euros). Deus irá vingar-se em nosso favor. Espero que possamos voltar para Alepo", disse um homem sírio, em entrevista à Reuters.
"Esta é a terra de Alepo. Eu beijo a sua areia", disse outro homem sírio, agachando-se e recolhendo areia do chão nas suas mãos. "Se Deus quiser iremos voltar. Iremos voltar", disse o homem, que esperava pelo autocarro para deixar a cidade. De acordo com as Nações Unidas, pouco mais de 10 mil pessoas deixaram os bairros do enclave rebelde. Para trás, ficam as ruínas e as marcas de terror de uma cidade destruída. Com elas segue o sonho de um dia poder voltar ao seu país.