Com Pearl Jam e Tupac Shakur, eis os anos 1990 no Rock And Roll Hall of Fame

A banda de Seattle e o rapper nova-iorquino estão entre os novos nomes que, partir de 2017, figurarão na lista. Com eles, serão também incluídos no Hall of Fame Joan Baez, os Yes, os Journey e os Electric Light Orchestra.

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Os Pearl Jam de Eddie Vedder serão incluídos no Hall of Fame no primeiro ano enquanto elegíveis para a distinção Miguel Manso

E eis que, pela primeira vez, com a nomeação de Pearl Jam e Tupac Shakur, os anos 1990 entram no Rock and Roll Hall Of Fame. É essa a grande novidade no anúncio dos nomes que, a partir de Abril, passarão a fazer parte da parada de estrelas que a organização do museu em Lake Eerie, Cleveland, considera merecedora de inscrição na história do rock’n’roll. Mas, rock’n’roll? Tupac Shakur, um dos maiores ícones na história do hip-hop, assassinado em 1996, dificilmente se enquadrará na categoria de músico rock. A verdade é que, ainda que muito lentamente, o Rock And Roll Hall of Fame se vai tornando mais abrangente, procurando reflectir nas suas escolhas a diversidade do panorama musical.

No ano passado, os N.W.A., lendário grupo hip-hop de Los Angeles onde encontrávamos Dr. Dre ou Ice Cube, foram eleitos para inclusão no Hall of Fame, o que abriu espaço para a discussão sobre a justiça da decisão de colocar uma banda rap numa galeria supostamente dedicada ao rock’n’roll. No seu discurso de agradecimento, Ice Cube defendeu a decisão de forma hábil, afirmando: “O rock’n’roll não é um instrumento. O rock’n’roll nem sequer é um estilo de música. O rock’n’roll é um estado de espírito. Rock’n’roll é não nos conformarmos àqueles que vieram antes de nós, mas criarmos o nosso próprio caminho na música e na vida”.

Além de Tupac Shakur e dos Pearl Jam, que entram directamente no Hall of Fame no primeiro ano em que são elegíveis (só podem ser candidatos músicos que tenham gravado o seu primeiro registo há, pelo menos, 25 anos — daí os Nirvana, banda indiscutivelmente associada aos anos 1990, já figurarem na lista, visto terem editado o registo de estreia, Bleach, em 1989), irão ser incluídos os Journey, a banda de rock FM que marcou os anos 1980 com canções como Don’t stop believing, os Yes, uma das grandes bandas do rock progressivo britânico, os Electric Light Orchestra, excêntricos pop marcantes na Inglaterra dos anos 1970, e Joan Baez. Três são nomes consensuais dentro do que é o habitual no Hall of Fame, em que o peso das bandas rock de guitarras é esmagador, já a cantora folk surge como pequena fuga ao guião, algo, de resto, reconhecido pela própria num comunicado citado pela Rolling Stone. “Nunca me considerei uma artista rock’n’roll. Mas, como parte da explosão de música folk que contribuiu e influenciou a revolução rock dos anos 1960, sinto-me orgulhosa por algumas das canções que cantei terem encontrado o seu lugar no léxico rock”.

Para além dos supracitados, será também distinguido o músico e produtor Nile Rodgers, fundador dos Chic e colaborador próximo de uma miríade de nomes relevantes nas últimas décadas, de David Bowie a Madonna, de Diana Ross aos Daft Punk. À Rolling Stone, Rodgers disse-se orgulhoso com o Prémio de Excelência Musical que lhe será atribuído, mas não escondeu um travo de amargura. “Sinto-me muito lisonjeado que tenham acreditado que o mereço, mas a minha banda, Chic, não ganhou nada. Arrancaram-me da banda e disseram, ‘és melhor do que os Chic’”, afirmou. “Sinto como se alguém me enfiasse num salva-vidas e dissesse à minha família que não podia entrar”.

A cerimónia está marcada para 7 de Abril de 2017, no Brooklyn Barclays Center, e, como habitualmente, a ocasião deverá ser cenário para reencontros. Já se especula se o vocalista Steve Perry, que não canta com os Journey desde 1991, voltará a actuar com os companheiros de banda, o mesmo sucedendo em relação aos Yes. Será que o teclista Rick Wakeman e o vocalista Jon Anderson voltarão ao seu lugar na banda, que abandonaram em 2004? Em Abril, saberemos.

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