Com troca de acusações e violação do cessar-fogo, a evacuação de Alepo pode ser adiada
Existe alguma confusão e incerteza sobre quando se iniciará o processo de retirada de cerca de 50 mil pessoas do Leste da cidade síria, enquanto as partes envolvidas no conflito trocam acusações de desrespeito do cessar-fogo.
Nas últimas horas as partes envolvidas no conflito de Alepo trocaram acusações relativas à quebra do cessar-fogo acordado entre o exército sírio do regime de Bashar al-Assad e os rebeldes presentes na cidade síria.
A Reuters cita o ministro da Defesa da Rússia, que diz que os rebeldes iniciaram ataques que foram repelidos pelas forças do Governo sírio, informando que o exército de Assad vai continuar as suas operações para eliminar a resistência no Leste de Alepo. Por outro lado, e segundo a Associated Press, os activistas da oposição ao regime sírio e algumas fontes oficiais dos combatentes da rebelião denunciam o retomar dos bombardeamentos na mesma zona da cidade num derespeito ao cessar-fogo estabelecido para a retirada das pessoas que permanecem nesta área de Alepo.
Com tudo isto, a evacuação da parte Leste da cidade de Alepo ainda não começou, apesar do acordo estabelecido com o regime sírio de Bashar al-Assad (apoiado pela Rússia) e os rebeldes (apoiados pelos EUA e Turquia), noticia o Guardian.
O acordo estabelecia a retirada das cerca de 50 mil pessoas, civis e combatentes, entre os quais jihadistas que não são apoiados por qualquer Estado, que ainda se encontram nesta parte da cidade. No entanto, segundo o jornal britânico, ainda não é claro quando se iniciará a evacuação.
Esta terça-feira as Nações Unidas denunciaram execuções cometidas pelas forças pró-governamentais sírias no Leste de Alepo, incluindo 82 civis mortos a tiro em quatro bairros conquistados nos últimos dias à rebelião, urgindo para a rápida retirada dos civis ainda presentes na área e para a suspensão das hostilidades.
Mas o início da evacuação da parte Leste da cidade foi também alvo de alguma confusão e discórdia entre as partes. O Guardian cita uma fonte oficial da aliança pró-Assad, que diz que o início da retirada das pessoas estava marcado para às 5h (hora de Lisboa), enquanto a oposição afirmava estar à espera que o primeiro grupo de feridos fosse retirado mais cedo.
Apesar disso, e de acordo com a Reuters, que cita uma testemunha que aguardava no ponto de encontro para a saída da cidade, cerca de 20 autocarros esperavam para partir com os motores ligados. O director do Observatório sírio para os Direitos Humanos, Rami Abdulrahman, afirmou que existe “com certeza um atraso”.
Confrontados com esta situação, os rebeldes acusam grupos xiitas apoiados pelo Irão e aliados de Assad de impedirem a concretização do acordo, e algumas fontes dos mesmos grupos afirmaram a uma televisão local que a retirada pode ser adiada até esta quinta-feira.
Por seu lado, as Nações Unidas informaram que não estão envolvidas no plano de retirada destas pessoas, mas que as suas equipas estão prontas a ajudar.