Actividade física em Portugal: preferências e barreiras
Imaginar o futuro com um maior número de cidadãos fisicamente activos passa pelo conhecimento das suas atitudes presentes face à prática de actividades físicas e desportivas. Dois inquéritos recentes ajudam a traçar o retrato dos portugueses neste domínio.
No inquérito de preferências quanto a actividade física, verifica-se que a caminhada é claramente a actividade favorita para as mulheres portuguesas, seguida (de longe) pelas actividades de ginásio e natação. Nos homens, caminhar e jogar futebol estão empatados no topo, seguidos da corrida e do ciclismo. A dança é uma preferência específica das mulheres e o futebol um domínio largamente masculino.
Preferências por idade
Nos portugueses com menos de 35 anos, a corrida e o ginásio predominam como actividade favorita (14% cada), assim como o futebol (19%, apenas homens). Por outro lado, a caminhada é a única actividade com uma preferência significativa entre homens e mulheres com mais de 55 anos (45%) seguida da natação (9%). Muitas das pessoas mais velhas não indicam qualquer preferência (23%) e a natação é a actividade com maior estabilidade de preferência ao longo da idade (sempre entre 6-11%).
Práticas dos portugueses mais activos
Entre as pessoas que indicam praticar 90 minutos ou mais de exercício por semana, 49% indica a caminhada como a “actividade/exercício que faz com mais regularidade”. Depois, andar de bicicleta e actividades de ginásio (10% cada) são as actividades mais praticadas, seguidas do futebol (8%). Nas mulheres activas, a caminhada é a prática preferencial em 63% dos casos. Depois, 16% frequentam o ginásio, 6% nadam e 5% correm. Nos homens activos, 16% indicam andar de bicicleta, 15% jogar futebol, 14% correr e 10% ir ao ginásio. Entre os portugueses activos com menos de 35 anos, cerca de 22% frequentam o ginásio e 16% correm. A partir dos 25 anos, a caminhada é sempre a actividade mais praticada, com valores acima dos 70% nas pessoas com mais de 55 anos.
Preferências dos corredores
Entre os portugueses activos, 23% indicam “praticar corrida com alguma regularidade” (homens: 31%; mulheres: 16%). Neste grupo, 63% das mulheres preferem correr acompanhadas (51% nos homens). Relativamente ao uso de tecnologia, 66% de homens e mulheres indicam não usar. Aparelhos com música (MP3 ou rádio) são usados por cerca de 20% dos corredores, 15% usam cronómetro, e apenas 3% indicam o uso de GPS. Apenas 17% dos ‘corredores’ participaram numa prova no ano anterior.
Relativamente a barreiras para a prática de actividade física, juntando ‘falta de interesse’, ‘falta de gosto pela competição’ e também uma estimativa de pessoas para quem ‘falta de tempo’ significa uma baixa apetência pessoal, conclui-se que cerca de 45% dos portugueses estão pouco motivados para praticar actividade física com mais regularidade. Por outro lado, razões de ordem externa (custo, acesso, falta de companhia, ou falta de tempo real) representam cerca de 40% dos factores impeditivos. Assinale-se que Portugal é o país europeu em que mais pessoas indicam o custo como uma barreira importante (10% é a média europeia). Neste inquérito, 6% dos inquiridos indicaram uma afiliação a um ginásio ou health club e 6% pertenciam a um clube ou associação desportiva. Finalmente, 15% da população assinala incapacidade física, doença e receio de lesão como razões para não praticar mais actividade física e desporto.
Compreender as barreiras para a actividade física em Portugal ajuda a traçar o caminho a seguir neste domínio. Para reduzir o sedentarismo é necessário que as actividades escolhidas sejam interessantes e motivadoras, mas também acessíveis, seguras e facilmente integradas nas rotinas do dia-a-dia. Por exemplo, realizar mais actividade física nos percursos diários (usar a bicicleta ou realizar parte dos percursos a pé) é uma prática generalizada em muitos países da Europa. Qual é a sua actividade física?
Professor da Faculdade de Motricidade Humana
A rubrica Actividade Física é da responsabilidade do Programa Nacional de Promoção de Actividade Física da Direcção-Geral de Saúde