Atentado contra catedral copta no Cairo mata 25 pessoas e há cantos contra Sissi
Atentado atingiu sobretudo mulheres e aconteceu na sequência de uma onde de violência no Egipto.
Pelo menos 25 pessoas morreram e 49 ficaram feridas na sequência de um atentado junto à catedral copta do Cairo, em plena celebração. A maioria das vítimas eram mulheres. É o mais importante ataque contra esta minoria cristã do Egipto, que representa cerca de 10% da população, desde há alguns anos.
A explosão ocorreu dentro da igreja de S. Pedro e S. Paulo, no complexo da catedral copta de S. Marcos, a sede do líder da Igreja Ortodoxa do Egipto, o papa Tawadros II, no bairro de Abbasiya. A explosão aconteceu perto das 10h locais (8h em Lisboa), afirmou o Ministério da Saúde.
A bomba usada no atentado utilizava pelo menos 12 kg de TNT, avançaram responsáveis da segurança estatal. "Foi uma explosão assustadora. Cairam-nos coisas em cima. Não conseguia sair de trás do altar por causa do fumo", contou à AFP Tadros Zaki, de 63 anos, um auxiliar da missa. "Havia demasiadas pessoas. Aos bocados. Pessoas sobre pessoas", contou Romany, outro auxiliar.
“Assim que o padre nos disse para nos prepararmos para a oração deu-se a explosão”, contou à Reuters Emad Shoukry, que estava dentro da catedral. “A explosão fez o edifício abanar, o pó cobriu a entrada, e eu estava à procura da porta, apesar de não ver nada. Consegui sair entre gritos e estava muita gente deitada no chão”.
Foi no lado direito da entrada, onde estavam sentadas as mulheres, que a bomba foi activada. Uma écharpe suja de sangue no meio dos destroços testemunhava o que se passou. Padres atordoados deambulavam entre as arcadas e os escombros, andando sobre os vidros partidos dos vitrais, enquanto a polícia tentava impedir os jornalistas e fiéis de entrar.
O atentado ainda não foi reivindicado. Normalmente, os cristãos coptas apoiam o Governo, mas após o ataque ouviram-se palavras de ordem contra o Presidente Abdel Fattah al-Sissi, e houve confrontos em protestos de coptas com a polícia. "Enquanto o sangue egípcio for barato, abaixo, abaixo com todos os presidentes", cantou-se ao pé da catedral. Outros gritaram "o povo exige a queda do regime", o grito de revolta da revolta de 2011 contra Hosni Mubarak.
O primeiro-ministro egípcio, Shrif Ismail, reagiu num comunicado: “Os muçulmanos e os cristãos do país estão solidários contra este terrorismo negro”. O imã da mais alta instituição do islão sunita no Egipto, Al-Azhar, condenou também este ataque “infame”.
A Igreja Copta Ortodoxa foi estabelecida no século I, é independente da Católica e faz parte da Igreja Ortodoxa Oriental. Os coptas constituem 10% dos 90 milhões de egípcios, e a catedral de S. Marcos é a morada do seu papa, Tawadros II.
Esta não foi a primeira vez que a igreja copta é alvo de um atentado. A 1 de Janeiro de 2011, em Alexandria, um ataque à saída de uma missa de Ano Novo fez 23 mortos e 79 feridos. Duas pessoas morreram no exterior da catedral de S. Marcos em 2013, quando choravam a morte de quatro cristãos coptas vítimas da violência religiosa entre a população local, recorda a BBC.
No sábado, seis polícias morreram e três ficaram feridos na explosão de uma bomba junto a um controlo na estrada que liga o Cairo às pirâmides de Gizé – foi o ataque mais mortífero em seis meses, e foi reivindicado pelo grupo recém-formado Hasm.
As forças de segurança egípcias combatem uma rebelião islamista liderada pelo braço do Daesh no Norte do Sinai, onde centenas de soldados e polícias têm sido mortos. Os rebeldes têm também lançado atentados no Cairo e noutras cidades.