PT lança projecto de atendimento presencial de clientes surdos
Fundação diz que este é um serviço único em Portugal. Clientes surdos têm acesso a intérpretes de Língua Gestual Portuguesa. Para já é só em três lojas no país.
“Precisamos de ir a um serviço de atendimento e temos de escrever ou encontrar alguma forma de comunicação alternativa, mas isso não é satisfatório nem nos faz sentir independentes. A maior parte das vezes até temos de trazer uma pessoa para traduzir aquilo que queremos dizer”, contou Fábio Inácio, 26 anos, surdo desde que nasceu. Explicou tudo isto através da intérprete de língua gestual Sandra Faria, a propósito da apresentação nesta quarta-feira de um novo projecto da Fundação PT.
O novo serviço financiado pela Fundação PT foi apresentado no Fórum Picoas, em Lisboa. O objectivo é que clientes como Fábio possam dirigir-se a uma loja MEO e encontrar um funcionário que tenha ao peito um crachá que informa que sabe língua gestual (um nível básico) e com quem podem estabelecer um primeiro contacto.
Depois, o funcionário faz uma ligação a um serviço de vídeo-interpretação especializado. O cliente surdo expõe a sua questão que é logo traduzida para o profissional da MEO pelo intérprete que está do outro lado da linha. Em poucos minutos, é suposto que, a três, a questão esteja resolvida. Para já, será assim apenas em três lojas (duas em Lisboa e uma no Porto)
“Agora já não há barreiras à comunicação”, diz Fábio Inácio, que participou na demonstração desta quarta-feira. Segundo a Fundação PT, este é o primeiro serviço em Portugal onde o cliente surdo pode presencialmente resolver os problemas que tiver. Até aqui só era possível fazê-lo por telemóvel.
Nesta fase, o serviço estará disponível em Lisboa, no Fórum Picoas e na loja do Oriente, e no Porto, na loja da Boavista porque, como explicou o presidente executivo da PT, Paulo Neves, “estas são as lojas que têm mais afluência de clientes com surdez e estão localizadas no centro das cidades do Porto e de Lisboa”.
A secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, que participou no lançamento, diz que há em Portugal 120 mil surdos. Em declarações ao PÚBLICO, reforçou a importância de iniciativas destas: “O que é fundamental é permitir a estas pessoas que comuniquem mais para eliminar as barreiras do isolamento e da exclusão. É importante para o Governo e temos tentando potenciar a língua gestual, que é a língua mãe destas pessoas. Ao limitarmos que elas comuniquem na sua língua mãe estamos a exclui-las.”
Texto editado por Andreia Sanches