Rússia aperta controlo da Internet
Um dos objectivos da nova doutrina de segurança na Internet, já aprovada por Putin, é travar a influência das notícias negativas sobre o país publicadas nos media ocidentais.
A Rússia adoptou esta terça-feira uma nova doutrina de segurança na Internet que se assume como resposta à ameaça de ataques cibernéticos e à “influência” estrangeira que minaria “os valores russos espirituais e morais tradicionais”.
O texto, já aprovado por Vladimir Putin, expõe as grandes orientações do país em matéria de “segurança informática e informacional” e funciona como um complemento à doutrina que orienta a política externa, promulgada na semana passada pelo Presidente russo.
Um dos objectivos assumidos no documento é o de desenvolver um sistema nacional de fiscalização da Internet russa. Desde a sua reeleição, em 2012, Putin tem usado a luta contra os extremismos como argumento para multiplicar as leis que reforçam o controlo estatal da Internet.
A doutrina agora aprovada visa também “prevenir conflitos militares que poderiam ser provocados através das tecnologias informáticas" e propõe-se "defender a soberania, a estabilidade política e social e a integralidade territorial" da Rússia. Constatando o aumento de ameaças informáticas contra a Rússia, algumas das quais teriam "objectivos miltares", pretende-se melhorar a segurança informática do aparelho militar russo.
O texto sublinha ainda "o aumento crescente, nos media ocidentais, de artigos com uma perspectiva negativa sobre a política russa" e afirma a necessidade de contrariar estas tentativas de "influenciar a população russa, e particularmente, a juventude".
Ajudar os jornalistas russos que são alvo de "assumida discriminação" no estrangeiro e que vêem ser-lhes "colocados entraves no exercício da sua actividade profissional" é outro propósito inventariado neste documento. Moscovo acusou recentemente o Reino Unido de ter fechado contas bancárias da cadeia televisiva púbica RT, que possui numerosas delegações em todo o mundo e tem estado frequentemente ligada a escaramuças diplomáticas entre a Rússia e outros países.
Na sua doutrina para a política estrangeira, a Rússia já anunciara a intenção de "utilizar largamente as novas tecnologias" para tornar "objectiva" a imagem da Rússia no exterior.
No final do mês passado, a rede social LinkedIn tornou-se a primeira plataforma interdita no país, após a adopção de uma lei que impõe o armazenamento dos dados pessoais de utilizadores russos em território russo.