"O mundo já era made in China no século XVIII"

Jorge Welsh é antiquário há 30 anos. Uma exposição em Lisboa marca a data e celebra um encontro de culturas com centenas de anos - o que junta o gosto europeu à porcelana chinesa. O galerista falou ao P2 do negócio que se tornou um vício e que continua a trazer-lhe amigos.

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Um antiquário também é um guardador de segredos. Os seus e os dos outros. Em 30 anos de carreira, primeiro sozinho, depois com a sócia Luísa Vinhais; primeiro num mercado de rua e recebendo clientes em sua casa, depois com galeria aberta (a partir de 1997), Jorge Welsh tem feito da descrição uma ferramenta de trabalho. Não fala dos preços das peças que vende nem diz que exposição é essa que está a preparar há quase vinte anos. Com raríssimas excepções (os que o autorizam a fazê-lo), também não revela o nome dos coleccionadores que constam da sua carteira de clientes que tem mais de seis mil entradas, entre elas muitas figuras públicas, isto sem contar com 40 museus nacionais e internacionais. “O segredo faz parte do negócio”, diz este galerista de 59 anos que se especializou em porcelana chinesa de exportação quase por acaso e que ainda não desistiu de pintar.

O P2 foi encontrá-lo na sua galeria na Rua da Misericórdia, a Jorge Welsh Works of Art, a três dias da inauguração lisboeta de A Time and a Place (até 10 de Dezembro), a exposição com que está a festejar os 30 anos que leva a negociar antiguidades e que passou já pela sua loja de Londres, em Kensington. Quer esteja a retirar pratos e taças das caixas em que são transportados, quer esteja a afinar os projectores das vitrines ou empoleirado num escadote, Jorge Welsh parece estar permanentemente concentrado. Lida todos os dias com tudo o que se relaciona com a compra e venda de peças delicadíssimas feitas há centenas de anos a muitos milhares de quilómetros de distância. Especializou-se em porcelana chinesa de exportação, uma área em que história e cultura se cruzam e sem a qual dificilmente se pode fazer um retrato completo da primeira globalização, a que foi feita pelos portugueses. “Estas são peças de um luxo global”, diz, apontando para as vitrines. “Mostram que o mundo já se encontrava na China no século XVIII. São peças feitas a partir de gravuras ocidentais, encomendadas por ocidentais e para o mercado ocidental. O gosto é o europeu, mas a técnica, o trabalho, é dominado pelos orientais, que copiam de livros, estampas e gravuras, muitas vezes sem perceberem o que estão a copiar, o que dá origem a erros muito curiosos. São peças de um mundo que já era made in China no século XVIII, mas ao contrário do made in China de hoje, a execução era de grande rigor e qualidade.” 

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Folhear o catálogo com mais de 100 peças que a editora associada à galeria preparou para esta exposição – as duas trabalham em paralelo, sem que a equipa de investigação composta por três elementos que se vai associando a historiadores convidados interfira na parte comercial que só à loja diz respeito – permite perceber sem esforço que não é fácil de montar. As proveniências e tipologias das peças são variadíssimas e o facto de muitas estarem associadas a fontes iconográficas precisas implica certamente muito tempo de pesquisa em arquivos e de bibliotecas.

Muitas vezes, Welsh e Vinhais, que deixou a engenharia química para se tornar antiquária, estão mais de dez anos a reunir as peças necessárias para uma mostra temática como esta, que se concentra sobretudo na representação de paisagens e edifícios ocidentais (quer sejam construídos na Europa quer sejam construídos na Ásia) na porcelana chinesa de exportação, de finais do século XVII até ao XIX. 

Para fazer A Time and a Place, que começou com uma chávena e um pires, precisa Luísa Vinhais, estiveram quase 14 anos a coleccionar peças. E onde se encontram? “Em todo o lado menos na China”, brinca. “Há em Portugal, Espanha, Brasil, Índia, Japão, Dinamarca, Bélgica, Holanda e até na Turquia e nos Estados Unidos. Na China não há porque eram feitas para exportação, não têm nada a ver com o gosto local”, acrescenta Welsh, explicando que hoje em dia os coleccionadores chineses já as procuram, mas com um propósito puramente documental.

Acumular peças para as exposições que organizam, peças que chegam a custar centenas de milhares de euros (a galeria já chegou a vender algumas por mais de um milhão), durante mais de uma década implica ter uma grande capacidade de investimento. Guardar um prato com mais de 200 anos que representa dois dos monumentos mais importantes de Roma ou uma poncheira que mostra o London Hospital antes de a sua construção ter sido dado por terminada implica ter dinheiro empatado. “Esta é uma das dificuldades do negócio nesta área”, admite o antiquário, “mas tem corrido bem. As pessoas que nos conhecem sabem que, quando organizamos uma exposição como esta, vamos ter coisas muito interessantes para mostrar.” E para vender.

O antiquário pintor

Filho de mãe madeirense e de pai de origem irlandesa, Jorge Welsh nasceu no Funchal, numa família dedicada à produção de vinho, convivendo desde cedo com obras de arte - pintura, porcelana chinesa e mobiliário - que pertenciam ao seu avô. 

“Ainda hoje tenho essas porcelanas. Quando os meus pais morreram, eu e os meus irmãos [são três] dividimos as coisas e eu quis ficar com elas, não porque queira coleccionar nesta área - não posso, aliás, se o fizesse tornava-me um concorrente dos meus clientes, estaria a competir comigo mesmo - mas porque são da família, têm um valor afectivo. Vêm de gerações e gerações da família Welsh.”

Aos 18 anos, este antiquário que sempre fora “péssimo aluno”, tirando a Matemática, disse aos pais que queria estudar Belas Artes e acabou por ir para Londres (é lá que vive desde 1976) e ingressar na Chelsea School of Art. “Estudar na Madeira não era para mim - irritava-me que me obrigassem a decorar as linhas férreas portuguesas quando nós na ilha não tínhamos um único comboio…”

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Os pais não puseram entraves ao filho que queria ser pintor, mas também não foram excessivamente entusiastas. O pai disse-lhe que pagaria os primeiros seis meses da sua estadia na cidade e que, depois, ficaria por sua conta. E Jorge Welsh assim fez. Trabalhou numa agência de viagens, foi empregado de mesa, taxista e jardineiro. Mas, como o dinheiro nem sempre chegava para comprar telas, tintas e outros materiais de que precisava, acabou por começar a negociar em antiguidades no mercado de Portobello, em Notting Hill, e no Grays, uma espécie de centro comercial especializado em Mayfair. 

“Londres era uma cidade muito dura nos anos 70, sobretudo para alguém que vinha de uma ilha pequena. Eu precisava de dinheiro para comprar materiais e comecei a aperceber-me de que lá as antiguidades custavam, por regra, um terço daquilo que custavam em Portugal. O que é que fiz? Nada mais fácil - comprava em Londres para vender aqui. Quando dei por mim já não pintava, era antiquário. E o curso ficou para trás.” O curso e o fato-de-macaco cor-de-laranja que um amigo lhe arranjara e que usava quando estava a trabalhar no atelier. Hoje, só um blazer formal e gravata. Outra indumentária só nos momentos de lazer, os poucos que restam a quem viaja por regra duas vezes por semana. Feitas as contas, diz sem hesitar, como quem está habituado à pergunta, passa sete ou oito meses do ano em trânsito. E isso pode significar ir ao “outro lado do mundo” para ver uma peça que pode vir a interessar-lhe. “Gostava de cortar 20 a 30% das viagens porque elas afectam a vida familiar”, reconhece Welsh, garantindo que, em férias, faz questão de não entrar em antiquário algum.

Sem qualquer formação específica em História de Arte, Jorge Welsh reconhece a importância de estar a par da investigação que se vai fazendo no que toca à porcelana chinesa para exportação, mas garante que muito dificilmente um académico se pode transformar num antiquário (e vice-versa). E porquê? Simplesmente porque o primeiro não consegue distinguir o objecto da obra de arte. “Para fazer o que eu faço é impossível investigar a sério. É preciso ter alguém que o faça por nós. O investigador, o académico, tem de ser ponderado, tem de estar sempre historicamente informado - o valor de uma peça para ele está sempre ligado ao valor da informação que dela pode tirar. O antiquário é por natureza um intuitivo, o que faz é reconhecer obras de arte. É claro que a informação conta, mas há um lado imediato que nos faz dizer se uma peça é boa ou é má.” É assim também com os falsos que vão aparecendo, tão comuns na porcelana chinesa como na pintura ou no mobiliário. “Por regra, basta olhar para sentir que há qualquer coisa errada. Com a Luísa é a mesma coisa.” 

Jorge Welsh está habituado ao escrutínio de obras, e não só das que negoceia. Faz parte da comissão que avalia peças e galerias na TEFAF (The European Fine Art Fair), em Maastricht, a mais importante feira de arte e antiguidades do mundo, que na edição deste ano contou com 280 lojas que expuseram peças desde o paleolítico a 2016 (também este ano, a Jorge Welsh Works of Art foi a única galeria portuguesa a participar na primeira edição da TEFAF Nova Iorque, no Armory Show).

“A presença nestas feiras requer um grande investimento, mas é também uma montra muito importante para nós”, diz este galerista que não pára de atender o telefone nem de consultar o email enquanto conversa porque, explica, está em curso uma compra importante. “Esta é uma peça que queremos muito. Peço desculpa, mas preciso de cinco minutos.” (E passados esses cinco minutos chegou um tranquilizador “é nossa, Luísa” que mereceu da sócia um sorriso.)

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Duas peças excepcionais

Se perguntamos a Luísa Vinhais e a Jorge Welsh qual foi a peça que mais gostaram de negociar ao longo das últimas duas décadas as respostas são imediatas. Ela fala de uma bilha que ele descobriu na cave de um antiquário na Índia, onde estava guardada há cinco gerações. Terá sido feita entre 1628 e 1644 e tem um brasão português. “É uma das primeiras representações de algo ocidental”, explica a antiquária, “faz parte das primeiras encomendas”.

Para Welsh, a peça mais extraordinária que já transaccionou foi uma guarnição monumental azul e branca – composta por três potes e dois vasos com cerca de um metro de altura cada – que mostra o Lago do Oeste, na China, famoso pelas suas paisagens e pela sua riqueza patrimonial. Executada por volta de 1700, é um “conjunto raríssimo” – só há outros dois no mundo – e a sua execução é um reflexo da “enorme qualidade” que a porcelana chinesa podia ter neste período.

Reunir esta guarnição foi tudo menos fácil e exigiu, uma vez mais, alguma paciência e capacidade financeira. Os dois galeristas identificaram duas das cinco peças num leilão em Paris e, percebendo que se tratava de “uma das guarnições mais importantes do mundo”, compraram-nas. Depois, passados uns anos, apareceu um coleccionador francês, dono das outras três, perguntando se Welsh e Vinhais sabiam quem tinha os vasos que completavam o conjunto. “Estivemos dois anos a negociar com ele e, de repente, o coleccionador divorcia-se e propõe-nos a compra dos três potes que lhe pertenciam. E nós comprámos.” Para depois a venderem, “por um valor muito, muito alto”, ao dono daquela que consideram (e a revista The Economist também) a melhor colecção privada de porcelana chinesa de exportação do mundo, a do engenheiro e empresário brasileiro Renato Albuquerque.

“A pintura desta guarnição [mostra uma multidão de letrados com os seus criados] é absolutamente excepcional, tal como a colecção de que hoje faz parte”, mostrada entre Abril e Setembro deste ano numa exposição do Metropolitan Museum de Nova Iorque (Met), com catálogo produzido pela editora associada à Jorge Welsh Works of Art e com investigação da historiadora de arte Maria Antónia Pinto de Matos (Global by Design: Chinese Ceramics from the R Albuquerque Collection é uma raridade para um museu que costuma produzir em casa os catálogos das suas exposições).

Apesar de terem ficado com estas duas bem marcadas na memória, os dois antiquários não têm por hábito qualquer dificuldade em separar-se das peças que passam pelas suas galerias. Welsh explica porquê: “Muito raramente me custa deixar uma peça, mesmo quando é uma daquelas que guardámos durante anos para uma exposição. Mas isto não é só porque sou um empresário, é sobretudo porque muitas vezes continuamos a vê-la quando visitamos o coleccionador, quando vamos lá jantar. Ela simplesmente passa a morar numa casa que não é a nossa - é a casa de um amigo, porque é assim que vemos os nossos clientes. Conhecemos-lhe os filhos, os netos, fazemos um pouco a curadoria das suas colecções.”

Se fala de dinheiro com precisão ao longo da conversa com o P2 – diz muitas vezes “largos” e “centenas” de milhares – é para contar que em 2001 venderam por 35 mil libras (41 mil euros) uma peça que há três anos acabou avaliada em três milhões (3,5 milhões de euros). “O mercado está em constante mudança e para as grandes peças, as que custam para cima de 50 mil libras [quase 60 mil euros], valorizou muitíssimo nos últimos tempos.” As peças raras, mesmo quanto têm um preço base muito inferior, também viram os seus preços disparar.

Lembra Welsh que, apesar dos relatórios anuais que dão conta da evolução do mercado da arte em todo o mundo, divulgados a cada edição da TEFAF, apontarem para o crescimento da China em praticamente todas as frentes, é impossível prever o impacto que terão alguns fenómenos.

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Londres continua a ser o palco mais importante do mundo para quem negoceia em antiguidades. Jorge Welsh tem também loja em Kensington dr

Londres continua a ser o palco mais importante do mundo para quem negoceia em antiguidades – “os ingleses sempre foram bons a garantir que tudo o que realmente interessa, ou quase tudo, passa por lá” - e os Estados Unidos continuam a ter “colecções fantásticas”, mas “é preciso estar sempre atento” porque ninguém sabe que impacto terá a multidão de chineses que está em trânsito: “Há cinco ou seis anos havia um milhão que viajava, hoje já são 110 milhões, daqui a quatro anos prevê-se que sejam 500 milhões os chineses a andar de um lado para o outro. Ninguém sabe que efeito é que isso terá no mercado da arte ocidental”, explica, sublinhando que, no caso da porcelana chinesa para exportação, há ainda a considerar outros territórios emergentes, como o Brasil, que tem vindo a crescer de forma consolidada nos últimos 15 anos, e territórios como o Dubai e o Qatar, que têm aberto um número impressionante de museus nos últimos anos e onde os coleccionadores são cada vez mais competitivos.

"Seja como for, nada neste domínio do crescimento impressiona mais do que a China – em 2014, abriram mais museus na China do que dias no ano. São números absurdos e por isso é impossível dizer hoje o que vai acontecer, como se vai dar resposta a este mercado ainda muito jovem, em que as pessoas coleccionam de forma muito diferente.” Diferente como? No caso da porcelana chinesa, explica, são muito exigentes no que diz respeito à que foi produzida para o mercado doméstico e, quando se trata da que foi feita para exportação, parecem mais interessados em coleccioná-la como quem reúne documentos históricos, como quem faz um registo do que aconteceu.

“Os coleccionadores têm sempre as suas particularidades, mas nalguns casos é possível encontrar padrões comuns – os japoneses, por exemplo, gostam de peças com pequenos defeitos porque, culturalmente, rejeitam a simetria.” Partindo da sua lista de clientes, é impossível traçar um perfil-tipo, garante este antiquário. Há quem coleccione com grande objectividade, seguindo um programa, quem o faça para investir ou decorar, ou quem seja lavado simplesmente pela beleza dos objectos, critério difuso e muito ligado a uma “certa empatia” que naturalmente se cria com determinada peça. “Há vinte anos as colecções eram muito menos eclécticas. Hoje as redes sociais têm um papel importante e é preciso estar lá porque os coleccionadores também estão. Isto não quer dizer que se venda online, mas que é preciso comunicar online. Já chegámos a vender uma peça a uma pessoa que não a viu, mas essa não é a regra. Os coleccionadores geralmente querem olhar para as peças e demorar-se, querem pegar-lhes, senti-las.”

Há um lado emocional no acto de coleccionar que não deve ser menosprezado, defende Jorge Welsh, acrescentando que, por vezes, vai com Luísa Vinhais a casa de alguém que lhes pediu uma avaliação de determinada peça que sempre julgou ser importante e acabam por surpreender o proprietário: “Acontece a pessoa estar a chamar a nossa atenção para uma peça que considera mais espectacular, que cresceu vendo ser valorizada por pais, avós, tios, e ficar desapontada quando dizemos que não tem interesse nenhum. E, às vezes, ali mesmo ao lado, está outra à qual nunca deram importância e que é efectivamente importante. O lado afectivo, as memórias que nos ligam aos objectos, as pessoas que eles nos trazem, contam muito.”

Reunir peças para a loja, com uma exposição em mente ou não, implica uma busca contínua e um contacto permanente com outros antiquários, coleccionadores e herdeiros. O trabalho diário passa também pela rede de contactos que se estabelece sempre que a galeria empresta uma peça a um grande museu - como o Met ou o Philadelphia Museum of Art -, pelas conversas com especialistas (entre eles conservadores do Hermitage de São Petersburgo) e pela criação de elos entre instituições e coleccionadores. “Às vezes os museus ligam-nos a perguntar se sabemos quem tem determinada peça e se podemos servir de intermediários numa primeira conversa.” Outras vezes os museus visitam as suas lojas para comprar (o Museu Nacional de Singapura, o Louvre de Abu Dhabi, o Rijksmuseum de Amesterdão, o Met, e o Museu Nacional de Arte Antiga, por exemplo).

“Este contacto com coleccionadores e curadores é uma parte divertidíssima do negócio. Mas também há coisas menos boas – basta pensar que, em cada dez projectos que temos na cabeça, conseguimos realizar um”, diz Welsh.

Nos dias que correm, entre viagens, exposições e visitas a clientes, o antiquário madeirense que colecciona cerâmica contemporânea e vive entre Kensington e o Chiado, com muitas horas de aeroporto pelo meio, continua a querer pintar. “Acho que teria sido pintor se este negócio não se tivesse tornado um vício.” Já comprou telas, tintas e pincéis e promete começar a trabalhar em breve (suspeitamos que, desta vez, vai dispensar o fato-de-macaco cor-de-laranja).

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Notícia alterada para corrigir o nome da investigadora Maria Antónia Pinto de Matos e do catálogo da exposição do Metropolitan Museum (Global by Design: Chinese Ceramics from the R Albuquerque Collection)

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