Marcelo e os salários na Caixa: "Mantenho a mesma posição"
Presidente da República diz ao PÚBLICO que continua a achar que os salários da administração da CGD deviam ser mais baixos. E aguarda que o Governo lhe diga como vai ser.
Marcelo Rebelo de Sousa ainda não deu por fechado o assunto dos salários da Caixa Geral de Depósitos. Numa declaração ao PÚBLICO, o Presidente é claro: "Mantenho a mesma posição que tinha", quando deixou escrito, na nota de promulgação da lei que permitiu que estes subissem, que preferia ver "contenção" nos rendimentos dos administradores do banco público ("Se há fundos públicos, não é possível nem desejável pagar o que se pagaria se fosse um banco privado sem fundos públicos", disse na altura).
O Presidente diz não ter ainda informação do Governo sobre quanto vai ganhar Paulo Macedo ou a sua equipa, aguardando neste momento que a lista se complete e que o BCE ou e o Sistema de Supervisão Única dêem anuência à sua posse.
Este sábado, uma fonte do Governo tinha confirmado ao PÚBLICO que Paulo Macedo "vai ter o mesmo salário" que foi atribuído a António Domingues - o que resultará, ao contrário do que acontece com Domingues, num aumento salarial para o ainda presidente da Ocidental/Vida. A mesma notícia acrescentava que o Presidente não colocou condições prévias à nomeação de Paulo Macedo, tendo ficado agradado com a solução do Governo.
Marcelo Rebelo de Sousa não tem, pela legislação em vigor, o poder de fixar estes rendimentos. Mas é sabido que tem capacidade de influência sobre o processo e sobre o Governo. Quem também poderia alterá-los era o Parlamento, mas (como avançou o PÚBLICO) nem a mudança de circunstâncias na Caixa fez com que os habituais desentendimentos entre os partidos se alterassem. Embora a lei volte a ser discutida na terça-feira, não há maioria de votos que estrague os planos ao Governo.
Este sábado, numa iniciativa pública, Marcelo optou por não comentar o assunto. "Acho que não é muito justo para o sítio onde nos encontramos [comentar a CGD]. Prometo reagir num dos próximos dias, se quiserem segunda-feira. Segunda-feira reajo longamente, mas aqui acho que era minimizar o significado desta casa e da entrega desta gente", advogou o chefe de Estado, em Lisboa, no final da visita à associação Casa do Tejo - Direito ao Lazer, ligada à Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa (APCL). E concretizou, instado de novo a comentar a nova administração da Caixa: "Prometo reagir. Amanhã não tenho nenhum compromisso público, mas na segunda-feira, logo de manhãzinha, reajo. Ainda vai muito a tempo, não se passa nada entre hoje à noite e domingo".