"Brexit", geringonça, campeão ou presidente – a Palavra do Ano está a votos

Iniciativa da Porto Editora designa termo que sucederá a "refugiado" e "corrupção". Em 2016, Moçambique e Angola também escolhem as suas palavras do ano.

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NUNO FERREIRA SANTOS

Os dez vocábulos que a Porto Editora selecciona anualmente desde 2009 para que os votantes elejam a partir deles a Palavra do Ano já estão online:  "Brexit", "geringonça", "campeão", "presidente", "microcefalia", "empoderamento", "humanista", "parentalidade", "turismo" e "racismo". E em 2016 há uma novidade – também Moçambique e Angola têm as suas próprias escolhas de Palavra do Ano.

Com o objectivo de "sublinhar a riqueza lexical e o dinamismo criativo da língua portuguesa", a iniciativa tem como base o "trabalho permanente de observação e acompanhamento da realidade da língua portuguesa" das equipas da editora, que analisam a "frequência e distribuição de uso das palavras e do relevo que elas alcançam, tanto nos meios de comunicação e redes sociais como no registo de consultas online mobile dos dicionários da Porto Editora", explica o grupo livreiro. Há ainda um espaço para sugestões no site do projecto.

Este ano, e como nos anos anteriores, as escolhas vêm acompanhadas de breves explicações sobre o motivo que justifica a sua inclusão na lista – "Brexit" é o termo que ficou conhecido por representar o referendo e a posterior decisão positiva do Reino Unido de abandono da União Europeia; "campeão" é a constatação de que Portugal se tornou pela primeira vez campeão europeu de futebol; "microcefalia" é o termo clínico que designa uma das complicações mais graves do vírus zika; e se "os excelentes resultados da indústria do turismo têm um impacto positivo na economia do país", como escreve a Porto Editora explicando a selecção da palavra "turismo", o termo foi também muito usado porque "esta realidade abriu o debate em termos de sustentabilidade e qualidade de vida nas grandes cidades".

Há ainda, entre outras explicações, aquela que constata a actividade e a mediatização intensas da Presidência da República em 2016 – "presidente" está de novo a votos porque "este título tornou-se muito frequente nas notícias desde que Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse como Presidente da República, a 19 de março de 2016". A esfera política, como em anos anteriores com "entroikado" ou "austeridade", está também presente na selecção de 2016 com "geringonça", o "vocábulo usado para designar a coligação parlamentar que apoia o actual Governo", lê-se no site da iniciativa.

A votação, que como sempre abre a 1 de Dezembro e está aberta até ao último minuto de 31 de Dezembro de 2016, decorre em www.palavradoano.pt. Em 2009, a Porto Editora fez a sua escolha sem votação e seleccionou um verbo mais usado devido ao título de um programa do colectivo de humor Gato Fedorento – “esmiuçar”. Desde 2010 foram mais votadas as palavras “vuvuzela” (2010), “austeridade” (2011), “entroikado” (2012) e “bombeiro” (2013). "Corrupção" marcou 2014"refugiado" 2015.

A Porto Editora revelou ainda, avança a Lusa citando fonte da empresa, que dois países lusófonos aderiram à iniciativa pela primeira vez. Em Moçambique, por iniciativa da editora Plural Moçambique (do grupo Porto Editora), escolhe-se entre "crise", "diálogo", "dívida", "educação", "liberdade", "solidariedade", "paz", "mamparra" ("termo que tem ganhado destaque nas redes sociais, usado para designar alguém inexperiente ou ignorante"), "tchilar" (do inglês "chill out") ou "txunar" (expressão popularizada pelas redes sociais que significa "aprimorar o aspecto de algo ou de alguém").

Em Angola, outra empresa do grupo, a Plural Editores Angola, promove a escolha online entre os vocábulos "paz", "candando" (termo "com origem no quimbundo "kandandu", e que significa abraço"), "crise", "diversificação", "esperança", "kamba" ("usado para designar aquele que é amigo, companheiro"), "kandengue" (também da língua quimbundo, que significa "criança"), "kínguila" ("as mulheres que transacionam divisas estrangeiras ao preço do momento"), "kixiquila" (mais um termo do quimbundo "que significa assentar" valores e quantias) e "liberdade" ("em especial a de expressão, foi dos valores mais demandados em diferentes manifestações e incidentes ao longo deste ano").

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