Director da CIA avisa Trump: rasgar acordo com Irão será “loucura”

John Brennan, que deixa o cargo em Janeiro, alerta ainda para o relacionamento dos EUA com a Rússia.

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John Brennan deixa o cargo de director da CIA em Janeiro Reuters/LARRY DOWNING

O director da CIA, John Brennan, avisa Donald Trump que será uma “loucura” e um “desastre”, se o Presidente eleito dos EUA decidir rasgar o acordo histórico sobre o nuclear com o Irão.

“Isso poderia levar o Irão a um programa de armas nucleares, que levaria outros Estados da região a criar os seus próprios programas”, avisa Brennan numa entrevista à BBC.

“Por isso, penso que seria o auge da loucura se a próxima Administração rasgasse o acordo”, disse Brennan, que deixará o cargo em Janeiro e será substituído por Mike Pompeo, congressista do Kansas que integrou a primeira leva de membros do movimento ultraconservador Tea Party a serem eleitos para a Câmara dos Representantes em 2010.

Durante a campanha eleitoral, Trump ameaçou rasgar o acordo com o Irão e o seu conselheiro de Segurança Nacional, o general Michael T. Flynn, é abertamente contra o acordo com os iranianos, em que estes se comprometem a desfazer-se de 98% do seu material nuclear.

Brennan alerta ainda o Presidente eleito para o relacionamento com a Rússia. “Espero que haja uma melhoria nas relações entre Washington e Moscovo”, disse Brennan na entrevista à BBC. “[Mas] o Presidente eleito Trump e a nova Administração precisam de ter cuidado com as promessas russas. Os russos não nos têm dado o que prometem”, acrescentou o director da CIA.

Para John Brennan, que esteve quatro anos à frente da CIA, a nova Administração deve agir com “prudência e disciplina” em algumas áreas, destacando a linguagem usada no combate ao terrorismo, as relações com a Rússia, o acordo sobre o nuclear com o Irão e a forma como são usadas as capacidades secretas da CIA.

O director da CIA mostrou-se ainda muito preocupado com a situação na Síria, considerando que o regime sírio e a Rússia são responsáveis pelo massacre de civis, o que Brennan qualificou como “escandaloso”.

A Administração Obama tem apoiado os rebeldes moderados que combatem o regime de Assad e Brennan defende que esse apoio se mantenha.

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