Até "siempre", Fidel!

É sempre complicado escrever um texto sobre Fidel quando os defensores da liberdade espreitam logo ali ao virar da esquina. Mas comecemos, porque escrever também é um exercício de liberdade

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Reuters/Stringer

É sempre complicado escrever um texto sobre Fidel quando os defensores da liberdade espreitam logo ali ao virar da esquina. Mas comecemos, porque escrever também é um exercício de liberdade.

E comecemos, então, por contar o número de regimes Centro e Sul-Americanos apoiados por esse bastião da democracia, os Estados Unidos, durante o século XX: exacto, 19, desde a Guatemala ao Chile, da Venezuela ao Peru, passando pela Argentina, Brasil, México ou Cuba. 19 países de opressão, perseguição, prisão, morte, onde os recursos naturais foram vilipendiados a troco de nada e as empresas estatais vendidas por tuta e meia em nome do lucro imediato e da exploração do homem pelo homem, onde quem mandou não fomos nós, mas quem andou com a carteira cheia e a mão pesada e onde o povo não teve direito à opinião, à voz e à liberdade.

E é aqui que as críticas a Fidel começam, as quais até teriam muita razão de ser não fosse o facto de não concordar quando se pretende dar voz a movimentos fascistas e capitalistas cujo intuito sempre foi o de devolver aos Estados Unidos o que dos Estados Unidos nunca foi e que Fidel um dia tirou, para nunca mais devolver: a independência, a autodeterminação, o orgulho e a soberania.

E sim, perante tal afronta os Cubanos pagaram com as suas vidas, desprovidas de tudo num país isolado economicamente do resto do mundo a pontos de toda a ilha ter, literalmente, parado no tempo desde a revolução, mas onde os seus habitantes não só insistem, permanecem, de pé, cientes das suas origens, das suas raízes e da sua nacionalidade, para sempre. E talvez tenha sido este o grande legado de Fidel e Che, não apenas o melhor sistema de ensino da América Latina e um serviço nacional de saúde responsável por uma esperança de vida ao nível do primeiro mundo, mas a certeza de que nunca mais os Estados Unidos, ou outra nação, terão a coragem de pôr um pé em Cuba.

Possam as outras nações, e os outros povos, aprender com este exemplo, para que um dia o mundo baixe os braços diante dos belicismos que desde tempos imemoriais dominam a humanidade, ditando como dormimos e onde acordamos, como vivemos, comemos, trabalhamos e sonhamos, em nome de um amanhã sem medo, para todos, excepto os fascistas.

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