Costa: "Governar é como conduzir. Se há mais trânsito, vamos mais devagar"

António Costa fala do último ano numa entrevista à revista Visão.

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DANIEL ROCHA

António Costa recusa o rótulo de “optimista” e prefere substituí-lo por “determinado”. Em entrevista à revista Visão, o primeiro-ministro comenta a posição de Portugal na União Europeia e garante que nenhum dos partidos do acordo à esquerda perdeu a sua personalidade.

Questionado directamente sobre o facto de o Presidente da República o ter qualificado como alguém com um optimismo "irritante", António Costa respondeu que prefere ser chamado de "determinado". E explicou como vê a governação: "Governar é como conduzir. Se há mais trânsito, vamos mais devagar, se há menos, vamos mais depressa".

Costa diz ainda que os acordos com o Bloco de Esquerda e com o PCP “respeitam a identidade de cada um dos partidos”. “O PCP não teve de passar a ser adepto do euro, nem o Bloco teve de passar a ser adepto do Tratado Orçamental, nem o PS teve deixar de ser o campeão da integração europeia”, continua o primeiro-ministro. “Nenhum de nós tem de engolir sapos.”

Outra das questões abordadas na entrevista foram as críticas recorrentes do ministro das Finanças alemão à política seguida pelo Governo português. "Neste contexto, o ministro Schäuble é uma andorinha que não faz a Primavera…E que felizmente não marca o tom da relação que temos com as instituições europeias. Eu e ele temos uma relação que vem do tempo em que ambos éramos ministros do Interior e da Administração Interna nos respectivos países”, disse o primeiro-ministro, deixando ainda um aviso: "Todos os países onde se têm diluído as alternativas do campo democrático se vêem a braços com emergência do populismo."

António Costa negou, por outro lado, que o aumento das pensões em Agosto esteja relacionado com o calendário das eleições autárquicas, previstas para o Outono. “Tem só a ver com uma gestão equilibrada do esforço orçamental."

Sobre a banca, Costa disse que "até há um ano os problemas estavam escondidos": "O que fizemos foi enfrentá-los, para os resolver."

“O principal problema era a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Vamos conseguir fazê-lo sem pôr em causa a continuidade como banco 100% público”, defende. Sobre a dispensa de apresentação da declaração de rendimentos por parte da administração, o primeiro-ministro responde que o acordo assumido não dispensa os administradores e recusa-se a comentar as afirmações do ministro das Finanças, que inicialmente dispensava a apresentação de rendimentos e reforça que essa é uma questão “ultrapassada”.

António Costa falou ainda de um “programa nacional de reformas” e de um “calendário a médio prazo”, ao qual acrescenta uma “agenda para a década”, onde colocava o ciclo político, que Marcelo Rebelo de Sousa já comentou que se estende apenas até às eleições autárquicas.

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