Podemos recusa homenagem póstuma a senadora do PP

O líder do partido, Pablo Iglesias, afirma que faria mais sentido prestar homenagem a todas as "vítimas da corrupção".

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Pablo Iglesias salientou a diferença entre o respeito no âmbito privado e político AFP/PIERRE-PHILIPPE MARCOU

Os deputados do partido Podemos, em Espanha, recusaram-se a prestar homenagem a Rita Barberá, antiga presidente da câmara de Valência e actual senadora, que morreu na manhã desta quarta-feira, vítima de um enfarte. O partido de Pablo Iglesias não respeitou o minuto de silêncio no plenário do Congresso espanhol, por causa da “trajectória marcada pela corrupção” de Barberá.

Os membros do partido Unidos Podemos abandonaram o hemiciclo antes que o minuto de silêncio de homenagem a Rita Barberá começasse, tal como mostra o vídeo do El Mundo.

O líder do Podemos, Pablo Iglesias, disse mais tarde que era “muito mau” que alguém morresse mas acrescentou que os seus deputados não podem participar na homenagem política de alguém “cuja trajectória foi marcada pela corrupção”. Disse ainda que “fazia mais sentido que se homenageasse, neste hemiciclo, as vítimas da pobreza energética ou da corrupção”.  “Acho que o respeito pessoal e a separação entre o político e o pessoal é compatível com a coerência”, concluiu.

Pablo Iglesias foi apoiado pelo seu braço direito no Podemos, Íñigo Errejón: “Respeito condolências no âmbito privado, mas não participaremos na homenagem política póstuma, na sede parlamentar, a Rita Barberá”, afirmou, numa mensagem publicada no Twitter.

O líder do movimento Esquerda Unida e co-porta-voz do Podemos, Alberto Garzón, que também saiu do hemiciclo, salientou que, na política, se deve “atacar sem piedade as ideias e respeitar as pessoas que as defendem” mas que “as homenagens a políticos corruptos abundam”.

Porém, o partido Compromís, que se associa frequentemente ao Podemos em Valência, não abandonou o hemiciclo. O porta-voz, Joan Baldoví, explica que, apesar das diferenças políticas “abismais”, deveriam “mostrar respeito” por Rita Barberá.

Já Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, disse apenas que esta situação era “muito difícil” e que estavam todos muito “abalados” no partido. As críticas à posição assumida pelo Podemos ficaram a cargo de Rafael Hernando, porta-voz do PP:  “Pensei que eram pessoas de outro tipo, mas parece que não. Confirmaram-se os meus piores pesadelos”, afirmou. Acrescentou ainda que “existe um limite para tudo”.

Rita Barberá pertenceu durante anos ao Partido Popular, pelo qual era senadora. Foi presidente da câmara de Valência durante 25 anos. Recentemente, apresentou-se no Tribunal Supremo por acusações de branqueamento de capitais por parte do PP enquanto esteve na câmara de Valência. Morreu na manhã desta quarta-feira, num hotel no centro de Madrid, vítima de um enfarte.

Ao contrário do que aconteceu com os deputados, o Podemos prestou homenagem no Senado, onde nenhum senador saiu da sala.

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