À medida de Isabelle Huppert

O regresso em grande do provocador holandês Paul Verhoeven apenas pode existir, em todo o seu humor negro e sugestiva perversão, porque tem Isabelle Huppert no papel principal.

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É caso tão raro que merece ser sublinhado: um filme onde a expressão “à medida de” é absolutamente perfeita. O regresso em grande do provocador holandês Paul Verhoeven apenas pode existir, em todo o seu humor negro e sugestiva perversão, porque tem Isabelle Huppert no papel principal – e porque nenhuma outra actriz seria capaz de encarnar desta maneira esta personagem, esta mulher que ora é de ferro ora é de gelo ora é de fogo, que está sempre em absoluto controlo do mundo que a rodeia e que faz tudo virar-se a seu favor.

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Sátira escarninha de uma burguesia acomodada ou incursão a fundo nos recantos escuros da alma humana, Ela não é tanto um filme como um caleidoscópio de possibilidades narrativas accionado pela interpretação imperiosa, virtuosa, mutante de uma Huppert que raramente vimos tão à vontade e que confirma aqui não ter competição à altura para o trono de maior actriz viva (Meryl Streep anda encostada à bananeira, Julianne Moore tem andado perdida, Juliette Binoche não é capaz destes abismos). Verhoeven é um simples facilitador: Ela é Huppert, Huppert é Ela, o filme é indissociável da sua actriz. Para o bem e para o mal.

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