Mais frustração do que fracasso

"Merengues" venceram em Alvalade por 1-2. Ao Sporting, resta a luta pela Liga Europa na última jornada.

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Rafael Marchante/Reuters

Ainda há um jogo para fazer e a ida à Liga Europa por que lutar, mas a participação do Sporting na Liga dos Campeões acabou nesta terça-feira, depois de ter perdido em Alvalade com o Real Madrid por 2-1, na 5.ª jornada do Grupo F. Mais que fracasso, esta participação “leonina” pode ser, sobretudo, considerada frustrante, desde o sorteio nada favorável, até aos resultados com os dois favoritos do grupo, o Borussia Dortmund e a equipa “merengue” — quatro derrotas em que os portugueses mereciam um pouco mais, não fosse alguma falta de eficácia. Mas as boas impressões não dão pontos e o Sporting terá de conseguir, pelo menos, um empate em Varsóvia para continuar a ser europeu nesta temporada.

O reencontro com Cristiano Ronaldo (que nunca corre bem) era um pormenor num objectivo maior que o Sporting ainda tinha, o de se manter vivo na Liga dos Campeões. Ganhar ao campeão europeu até podia não chegar, mas sem este resultado qualquer outra conta era inútil. Se a vitória tinha ficado a alguns minutos de distância no Bernabéu, não havia nenhum motivo para o Sporting não pensar que o seu destino podia ser diferente em Alvalade. Não foi. Não foi uma derrota de reviravolta, como acontecera em Madrid. O Sporting sofreu cedo, teve tempo para se revoltar com o resultado, andou perto de o conseguir, mas tudo só conseguiu repetir as boas impressões.

Gelson voltou a ser um “monstro” de técnica e velocidade (e de alguma natural falta de experiência), William e Adrien mandaram no meio-campo, mas faltou aos “leões” aquilo que o Real Madrid teve por duas vezes, um impecável sentido de baliza. Dois remates enquadrados com a baliza de Rui Patrício em 90’, dois golos e nenhum de Ronaldo.

Para o jogo do tudo ou nada, Jesus meteu tudo. Já Zidane podia dar-se ao luxo de ser mais cauteloso, não arriscando a utilização de início do seu compatriota Karim Benzema. Pela montanha alta que tinham de escalar, os “leões” começaram cedo a pressionar, tal como acontecera no Bernabéu, apostando muito nos corredores (sobretudo na direita, em Gelson) e a meter muitas vezes a bola na área, mas quase nunca no melhor sítio. O Real fazia o mesmo, sobretudo com Gareth Bale.

Aos 29’, começou a escrever-se o último capítulo da participação do Sporting na Champions. Ronaldo sofre falta de Ruben Semedo, Modric mete a bola na área, Ronaldo dá um toque para a frente e Varane, colocado em jogo por Bas Dost, faz o 1-0. Podia ter sido um golo de pouca consequência caso aos 32’ o remate de Bruno César tivesse como destino final a baliza de Navas e não a perna de Sergio Ramos. Ou se o mesmo Bruno César tivesse acertado na baliza, num livre aos 41’. Ou se Dost tivesse aproveitado um erro de Sergio Ramos, aos 44’.

Só por estes três lances dava para perceber que o Real era vulnerável. Logo a abrir a segunda parte, mais um sinal de fragilidade. Gelson acelera pelo corredor, Marcelo cai (e não se levanta), mas o jovem extremo “leonino” não consegue dar o melhor seguimento à jogada. Aos 51’, é William Carvalho quem assume a condução do ataque, passa para Gelson, mas o seu cruzamento fica sem resposta nas alturas.

E aos 64’, é Joel Campbell quem avança pela direita e sofre falta quase à entrada da área. Este era mais um lance que enchia de esperança os adeptos do Sporting, mas logo essa esperança diminuiu quando viram o árbitro escocês William Collum expulsar João Pereira por agressão a Kovacic quando tentava recuperar a bola para se marcar o livre.

Com menos um e a perder, o Sporting não tinha alternativas. Tinha de continuar a carregar. Fê-lo com mais risco e teve alguns frutos numa jogada com a sua dose de caricato dentro da área do Real Madrid. Fábio Coentrão, que tinha entrado minutos antes, pede mão na bola de um jogador do Sporting. Ao fazer este “pedido”, levanta o braço no preciso momento em que Joel Campbell dava um toque de calcanhar. Bola no braço do lateral português, penálti assinalado e convertido aos 80’ por Adrien.

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A tal esperança que estava em quase nada voltava a ser estratosférica. Aos 86’, Gelson faz mais um cruzamento e Campbell quase dá o melhor seguimento. Só que no minuto seguinte, Ramos centrou e Benzema, acabado de entrar, fez o 2-1 de cabeça. O francês não precisou de muito, só de uma bola bem medida e um pouco de espaço para bater Rui Patrício. E aqui o Sporting já não conseguiu responder para, pelo menos, manter a invencibilidade caseira frente aos “merengues”. Fez o suficiente para merecer aplausos do seu público, mas os três pontos e a Liga dos Campeões foram de avião para Madrid.

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