Marcelo aceita convite para ir ao Egipto. Sissi quer levar empresários

“Convido Portugal a investir no Egipto”, disse o líder egípcio que pede ainda ajuda a Portugal na transição democrática.

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Marcelo Rebelo de Sousa na recepção ao Presidente do Egipto Enric Vives-Rubio
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Foi uma conferência de imprensa, no Palácio de Belém, sem direito a perguntas e com uma tradução que nem sempre foi famosa. Ainda assim, serviu para deixar claro que de, ambas as partes, e depois do encontro de pouco mais de uma hora que tiveram, há interesse em desenvolver estratégias de cooperação. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou o convite do seu homólogo para visitar o Egipto, ainda sem data marcada, e Abdul Fattah al-Sissi, numa visita de Estado de dois dias a Portugal, quer levar também uma comitiva de empresários portugueses para fazerem negócios.

Marcelo disse mesmo que é “um sinal de alegria” para Portugal voltar a receber um líder egípcio, algo que não acontecia há cerca de duas décadas: “Significa uma reaproximação positiva para os dois países”, disse, agradecendo também o facto de Abdul Fattah al-Sissi ter apoiado a candidatura de António Guterres a secretário-geral da ONU.

Na intervenção, Marcelo não esqueceu um vocabulário delicado no âmbito desta aproximação: justiça social e direitos humanos. A Amnistia Internacional diz que o Egipto enfrenta “falta de liberdade de expressão, repressão à sociedade civil, perseguição e intimidação, desaparecimentos forçados e maus-tratos nas prisões”.

“Portugal acompanha atentamente os passos dados em termos de afirmação da vida parlamentar e do respeito da liberdade religiosa numa sociedade multicultural e multirreligiosa como é o Egipto”, afirmou Marcelo. E acrescentou ainda: "Tal como acompanha um percurso no sentido da afirmação dos direitos humanos, neles englobando quer os direitos pessoais, quer os políticos, quer os sociais", disse o Presidente, garantindo que o tema dos direitos humanos foi abordado na reunião entre os dois.

Abdul Fattah al-Sissi também elogiou os laços civilizacionais que unem os países e, a certa altura, quando falava de liberdade, de segurança, do Mediterrâneo e da Europa, acrescentou contar com Portugal: sublinhou que Portugal era muito importante para transição democrática no Egipto. "Damos muito valor à situação de Portugal na mudança para a democracia no Egipto e também esperamos mais esforços vossos para conseguir passar esta situação, muito necessária para o nosso povo", afirmou. Antes tinha já dito que o povo egípicio já "passou por muito" e o que quer é um país "muito avançado, muito moderno". Al-Sissi também defendeu a necessidade de Portugal e o Egipto se coordenarem para responderem a desafios como "o extremismo" e "o terrorismo".

Outro dos eixos que une os países, e que foi referido, é a situação geográfica: “Reconhecemos a posição geoestratégica fundamental do Egipto relativamente à bacia do Mediterrâneo.” Em causa, está sobretudo a crise de migrantes e refugiados, mas também, continuou Marcelo, contributos para o “processo de paz” no Médio Oriente.

O Presidente da República quis “sublinhar o que esta visita pode significar” do ponto de vista do reforço das “relações bilaterais”, nos domínios da cultura, economia, sociais, políticos e estratégicos.

 “Vemos esta visita a Portugal como ponto de partida para aumentar os negócios entre os dois povos”, afirmou Abdul Fattah al-Sissi. Defendeu que houve "muitos avanços nas relações" entre os dois países, que são necessários “projectos”, e referiu-se a uma comissão bilateral mista, cuja primeira reunião decorrerá no Cairo. Certo é que o líder quer convidar empresários portugueses (das áreas das infra-estruturas, dos transportes marítimos, das energias renováveis) para visitarem (e não só) aquele país: “Convido Portugal a investir no Egipto”, desafiou, sublinhando que existe uma “lei nova” que “dá muitas oportunidades”. O Egipto enfrenta uma grave crise económica, sendo por isso expectável que o líder egípcio viesse apelar ao investimento.

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