O nosso azeite melhora o dos italianos
Espanhóis condicionam a olivicultura... mas "no bom sentido”, como diz o produtor José António Castelo Branco
José António Castelo Branco, sócio com mais dois irmãos da Herdade Paço do Conde, localizada em Baleizão (Beja), explica ao P2 que 90% da sua produção de quase um milhão de quilos de azeite é exportada para Itália e Espanha “para melhorar o azeite produzido nestes países”. Acrescenta que “é mais barato o azeite que vendo embalado do que a granel.” Esta contradição resulta do facto de o azeite produzido numa extensão de olival com cerca de 1500 hectares não ter ainda consolidada uma marca. Os espanhóis, mas sobretudo os italianos “asseguram a venda de azeite nos seus milhares de restaurantes e lojas gourmet que têm espalhados pelo mundo”, assinala este produtor olivícola.
“Temos de ser realistas”, diz, para frisar que são as grandes marcas italianas e algumas espanholas que “controlam o mercado a nível internacional”. Mesmo assim “já conseguimos vender cerca de 10% da nossa produção com marca própria”, sobretudo para os Estados Unidos da América, mas a meta está em conseguir “criar uma marca que nos garanta a venda do nosso azeite”.
José António reconhece que “é um mercado difícil, por já estar ocupado por espanhóis e italianos”. O P2 questionou o produtor sobre a preponderância das explorações espanholas na produção de azeite no novo olival intensivo e superintensivo alentejano. O empresário assume: os “espanhóis condicionam a nossa actividade no bom sentido”. E acentua: “São eles que têm o conhecimento mais avançado sobre olivicultura.” São espanhóis que asseguram o apoio técnico ao olival da Herdade Paço do Conde, e até parte das máquinas envolvidas na apanha da azeitona vêm de Espanha.
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