CGD: Jerónimo exige entrega de declarações para acabar com destabilização da direita
Líder comunista aproveitou a ocasião, um almoço na Ota, para reclamar para o PCP a vitória em matéria de aumentos das pensões.
O secretário-geral do PCP exigiu hoje a entrega das declarações de rendimentos pelos administradores da Caixa Geral de Depósitos, argumentando que "é a melhor forma de acabar" com a campanha da direita para "destabilizar a recapitalização" do banco.
"É preciso transparência, é preciso cumprir uma obrigação legal, entreguem a declaração dos seus rendimentos. É a melhor forma de acabar esta campanha que a direita está a promover. PSD e CDS não estão nada preocupados com a transparência, não estão nada preocupados com a clareza deste processo", afirmou Jerónimo de Sousa.
Numa intervenção num almoço em Ota, no concelho de Alenquer, o líder comunista recordou que o ex-primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, "admitia perfeitamente a privatização da Caixa Geral de Depósitos" e "aproveita este processo para destabilizar o processo de recapitalização".
"Resolva-se isto o mais depressa possível, em nome da defesa da Caixa Geral de Depósitos pública, ao serviço da economia nacional, ao serviço das pequenas e médias empresas", afirmou.
Jerónimo introduziu este tema na sua intervenção considerando que "não se admite este arrastamento desta situação dos administradores da Caixa". Durante o fim-se-semana, também Assunção Cristas se referiu ao assunto, primeiro, seguida de Luís Montenegro e de Pedro Passos Coelho.
"Aqui não há figuras de primeira e de segunda, todos têm de cumprir a lei, todos têm a obrigação, designadamente, responsáveis de altos cargos públicos, de apresentar os seus rendimentos e património no Tribunal Constitucional. Não há dúvida", declarou, sublinhando que todos os titulares de cargos políticos e altos cargos públicos o fazem.
"Porque é que os administradores da Caixa deviam ser excecionados?", questionou.
Vitória nas pensões
Na mesma ocasião, o secretário-geral do PCP reclamou que o aumento das pensões e reformas no âmbito do Orçamento do Estado para 2017 acontecerá por iniciativa dos comunistas, que persistiram, começando por estar sozinhos nessa proposta para 2016.
"O ponto de situação que podíamos fazer é este: hoje não se discute se vai haver ou não aumentos das reformas e pensões, hoje a questão está em saber quanto é que vão ser aumentadas por iniciativa do PCP", afirmou Jerónimo de Sousa..
"O PCP não faz questão de pôr o dedo no ar ou assumir protagonismo que não tem. O que dizemos é que onde o PCP tem proposta ou fez proposta, estivemos à altura dos compromissos que temos com os trabalhadores e com o povo", disse.
O líder comunista prosseguiu que, "no quadro das pensões e das reformas era conhecida a posição do PCP": "Há muito que vínhamos discutindo uma contraproposta do Governo".
"É preciso fazer aqui uma breve lembrança histórica, no Orçamento para 2016 ficámos sozinhos em relação à nossa proposta de um aumento extraordinário de 10 euros. A direita não nos acompanhou, naturalmente, mas nem PS nem BE nos acompanharam, e ficando sozinhos tudo convidava a desistir, mas não, persistimos, voltámos neste Orçamento do Estado a insistir nesta proposta justa", sustentou.
Jerónimo de Sousa argumentou ainda que a proposta de aumento de 10 euros considerou a questão fundamental de "recuperar e voltar a prestigiar a contribuição das carreiras contributivas".
Lembrar Cunhal
Ainda na Ota, Jerónimo lembrou o líder histórico comunista Álvaro Cunhal para defender os compromissos e as alianças, argumentando que "tantos portugueses" a quem o Governo PSD/CDS "infernizou" precisavam da actual solução de apoio ao Governo PS.
"Álvaro Cunhal abordava a questão dos compromissos e das alianças, sempre afirmou que um compromisso não pode ser rejeitado à partida e que mesmo este Partido Comunista, este partido da classe operária e dos trabalhadores, não tem de ter problemas em relação a assumir compromissos, desde que se saiba o que é o conteúdo desses compromissos, mas não podem ser rejeitados em abstrato", defendeu Jerónimo de Sousa.
A cerca de duas semanas do XX Congresso do PCP, Jerónimo de Sousa defendeu os avanços que o apoio do PCP (além de BE e PEV) ao Governo liderado por António Costa tem permitido, mesmo que pequenos e limitados. "Mas camaradas, tantos e tantos portugueses precisavam disto, tendo em conta que o Governo anterior infernizou as suas vidas, os fez perder o emprego, viram cortadas as suas reformas, as suas pensões, os seus direitos, muitos portugueses perderem as suas casas", argumentou.
"Nós nem consideramos que no ponto em que estamos está tudo bem assim, não mexam nem deixem cair esta solução, como também alguns acham que isto é tão pouco, tão pouco, que estamos a comprometermo-nos com a política de direita e com os partidos burgueses designadamente com o PS", afirmou.
Jerónimo de Sousa defendeu a importância do apoio ao Governo do PS por parte do PCP, "que continua a ser da classe operaria e dos trabalhadores, que assumiu um compromisso na defesa dos direitos, dos interesses, da procura de uma melhoria de vida dos trabalhadores e do povo".
"Além de um partido revolucionário, somos um partido com dimensão humanista e os problemas dos portugueses afectam-nos directamente, lutamos por eles para os resolver", declarou.