Depois de a França ter lançado a sua ofensiva gastronómica com um “jantar francês” que decorreu simultaneamente em dezenas de cidades pelo mundo, em Março, agora é a vez de a Itália contra-atacar com The Extraordinary Taste, a Primeira Semana da Gastronomia Italiana no Mundo, que acontece de 21 a 27 de Novembro.

Os ministérios dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional, das Políticas Agrícolas e Alimentares e do Ensino, da Universidade e Investigação e do Desenvolvimento Económico juntam-se num plano que visa promover o Made in Italy e mostrar o que de melhor se faz em Itália na área dos produtos alimentares e vinho.

Há comida, claro, mas não só – são mais de 1300 eventos em 105 países. Em Portugal, a iniciativa integra uma programação cultural que traz um dos maiores especialistas em história da alimentação, Massimo Montanari, professor de História Medieval e da Alimentação na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Bolonha e na Universidade de Ciências Gastronómicas de Pollenzo e autor de vários livros sobre a alimentação como cultura e, em particular a sua importância para a identidade italiana.

A sua primeira conferência será no Instituto Italiano, em Lisboa, dia 21 às 19h e tem como tema precisamente “A Identidade Italiana na Cozinha”. No dia 22, às 17h30, falará na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, numa aula aberta sobre o “Gosto. Considerações históricas sobre um conceito ambíguo”, que será a primeira de um ciclo de conferências do projecto DIAITA ligado ao estudo do património alimentar da lusofonia. No dia 24, na sede da Academia da Marinha, Montanari fará mais uma conferência, desta vez sobre a influência das novas sementes vindas da América na alimentação europeia.

Destaque também para a apresentação do livro Mangiare alla judia. La cucina ebraica in Italia das Renascimento all’età moderna (Comer à maneira judaica. A Cozinha judaica em Itália do Renascimento à Idade Moderna). O autor é Ariel Toaff, professor de História da Idade Média e do Renascimento na Universidade de Bar-Ilan em Telavive, que fará a apresentação do livro no dia 23, às 18h30, no Instituto Italiano de Cultura.

Outra figura muito importante durante esta semana será Pellegrino Artusi (1820-1911), homem da passagem do século XIX para o XX e autor daquele que é considerado o livro mais importante da cozinha italiana moderna, La Scienza in Cucina e l’Arte di Mangiar Bene, reunindo perto de 800 receitas. A obra, que foi editada pela primeira vez em 1891 e teve depois disso 111 edições, tem agora uma tradução em português, que será apresentada (entre as 16h e as 18h de dia 22) na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa por Anabela Ferreira, em colaboração com o Centro de Cultura Gastronómica Casa Artusi e com o Restaurante L’Artusi, de Lisboa.

Para dar a conhecer melhor a figura do homem que ajudou a unificar a Itália através das práticas culinárias, haverá também uma exposição 100-120-150 Pellegrino Artusi e a Unificação de Itália na Culinária, na Escola de Hotelaria. O Instituto Italiano de Cultura recebe outra exposição de livros de receitas e das revistas Civiltà della Tavola da Academia Italiana della Cucina.

Para além de workshops de cozinha, como por exemplo Gnocchi in rosso e in verde por Michele Bono, do restaurante Il Gattopardo, em Lisboa (dia 21, às 15h na Escola de Hotelaria de Lisboa) ou A tradição dos sabores italianos, por Augusto Gemelli (dia 22 às 11h na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra), virá a Portugal o “chef pescador” Luciano Zazzeri, do restaurante La Pineta em Livorno.

Há ainda uma programação de cinema que começa dia 21 com a projecção de La Cena, de Ettore Scola, com Vittorio Gazzman e Fanny Ardant (às 11h no Instituto Italiano de Cultura) e prossegue com três documentários (dia 24 às 15h) e filmes como L’Abuffata, de Mimmo Calopresti, com Gérard Depardieu (dia 24 às 11h) ou La cena per farli conoscere, de Pupi Avanti, com Diego Abatantuono (25, às 11h), além de uma programação para crianças e menus especiais em alguns dos principais restaurantes italianos de Lisboa.