Macron, a influência que vem de fora

"Não falo à esquerda, nem à direita, falo aos franceses", diz o ex-ministro da Economai de Hollande.

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O ex-ministro da Economia de Hollande, Emmanuel Macron Reuters

O anúncio de Emmanuel Macron de que se candidatava às eleições presidenciais de 2017, feito a poucos dias das primárias de centro-direita, foi planeado para desestabilizar a candidatura de Alain Juppé. Macron anda à caça de eleitores nas mesmas águas.

Alain Juppé não reconheceu a manobra: "É sobretudo um golpe para a esquerda", disse o candidato às primárias de centro-direita que as sondagens sobre a eleição presidencial dão como favorito sobre Macron, o ex-ministro da Economia do Governo socialista mas que não pertence a este partido e se notabilizou pelas suas posições liberais.

Mas os potenciais eleitores de Macron colocam-se no "universo ideológico e político da direita", diz um estudo datado de Outubro e assinado por Jérôme Jaffré, do Centro de Pesquisas Políticas do Sciences Po (Paris). "Nas hipóteses de voto testadas sem Macron, 54% dos seus eleitores deslocar-se-iam para Alain Juppé e um terço para a esquerda. Menos de um quarto votaria em François Hollande."

Depois de ter passado o Verão como potencial candidato presidencial, Macron declarou que avança na passada quarta-feira, a poucos dias das primárias de centro-direita. Teve a clara intenção de pesar sobre a escolha dos eleitores de centro-direita, comentou Nicolas Chapuis, o jornalista do Le Monde que segue esta área política, numa conversa com leitores. "Houve um cálculo evidente no calendário escolhido por Emmanuel Macron. Ocupa o terreno, envia uma mensagem aos seus potenciais eleitores e pode esperar uma pequena desmobilização do campo Juppé. Ele tem tudo a ganhar no caso de uma vitória de Nicolas Sarkozy, que lhe dá mais espaço entre o candidato de esquerda e o de direita".

Quanto ao apelo para se apresentar às primárias socialistas de Janeiro, como pedem alguns políticos do PS, Macron nem quer ouvir falar disso. "Não vou participar numas primárias das quais não partilho nem o espírito nem o funcionamento", afirmou. "Não falo à esquerda, nem à direita, falo aos franceses."

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