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ISO Theatre: uma jovem companhia à espera de crescer

A ISO é um dos projectos orientados para novos artistas da União de Teatros da Europa (UTE). Conta com um actor português, Luís Puto.

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Na ISO fala-se várias línguas, trabalha-se de formas diferentes Susana Neves
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Susana Neves

Poucos dias depois de ter terminado o curso na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), em 2013, Luís Puto estava a apanhar um avião rumo a Ludwigsburg, Alemanha, para se juntar à primeira residência oficial da International Super Objective Theatre (ISO), companhia de jovens fazedores de teatro integrada na União de Teatros da Europa (UTE), que germinou a partir da Academia Descentralizada, outro dos projectos desta rede orientado para novos artistas (está também nos planos criar um festival internacional com jovens dos vários países associados).

O convite a Luís Puto – que na altura fazia parte do elenco de actores do espectáculo Rosencrantz & Guildenstern Estão Mortos, encenado por Marco Martins – partiu do Teatro Nacional São João (TNSJ), membro da UTE. “Foi incrível estar a acabar o curso e ingressar numa espécie de companhia internacional”, conta o actor de 25 anos, a residir em Lisboa. Nesse mesmo ano, como resultado da residência, participou no Festival Europolis com um monólogo, no Teatro di Roma, em Itália.

Na ISO fala-se várias línguas, trabalha-se de formas diferentes, “dificuldades que são também mais-valias”, assinala Luís Puto. “Há uma redescoberta de novas formas de fazer teatro e conhece-se outras realidades” – incluindo a do colega alemão que “acabou o curso, criou uma companhia e ganha um ordenado de 2 mil euros”, um cenário bem diferente da vida precária de Luís ou da colega grega. “Aqui tens três trabalhos para tentares fazer aquilo que queres, é raro haver castings para actores e as companhias estão muito viciadas”, afirma o actor, que neste momento, entre projectos individuais, colabora com a companhia Artistas Unidos, sobretudo na produção.

Neste momento a ISO tem 12 membros, entre os 24 e os 35 anos, de países como a Bulgária, Palestina, Roménia e França. Têm dois encontros por ano em diferentes cidades europeias, promovidos pela UTE (em Maio estiveram em residência no TNSJ, na companhia dos encenadores Nuno Carinhas e Nuno M Cardoso), o que para Luís Puto está longe de ser suficiente – e as conversas por Skype não são solução. “A grande dificuldade da ISO é juntarmo-nos. Temos tudo pago, não gastamos, mas também não ganhamos. Esta companhia tem de ultrapassar algumas coisas utópicas para conseguir andar para a frente”, considera Luís. As duas reuniões também não são suficientes para construir projectos sólidos. “Apresentamos sempre qualquer coisa no final, seja uma performance, uma conversa ou um ensaio aberto, mas não dá para criar um espectáculo.”

Para Luís Puto, a ISO pode e deve ter a UTE como casa-mãe, mas “ter outros fundos de financiamento” para não estar a viver apenas em casa dos pais. “Precisávamos de ter um produtor para procurar outras fontes de financiamento e mais possibilidades de residências”, sugere, propondo também apresentações da companhia nas assembleias gerais da UTE, para os membros não “ouvirem apenas falar” deles, mas verem-nos. “Em Maio [na residência], o TNSJ percebeu que nós éramos uma mina de ouro criativa a explorar e mostraram interesse em dar algum tipo de apoio”, acrescenta o actor (Francisca Carneiro Fernandes, presidente do conselho de administração do TNSJ, disse ao PÚBLICO não poder adiantar pormenores sobre esta questão).

O dinheiro é um dos eternos problemas do teatro, admite Luís Puto. Mas diz faltar também “mais divulgação e comunicação” da ISO, e da própria UTE, o que poderia ajudar a desbloquear a companhia e dar corda ao seu potencial. “Antes [a ISO] era um feto, agora estamos com imensa vontade de crescer e fazer espectáculos.”

 

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