Marcelo apela a consenso mínimo a curto prazo para erradicação da pobreza
O Presidente da República esteve presente na sessão de encerramento do seminário "Lutar contra a Pobreza: a realidade e as propostas do setor social em Portugal", em Lisboa.
O Presidente da República insistiu esta sexta-feira no apelo a "um consenso mínimo em termos sociais e políticos" para que no curto prazo sejam dados passos na estratégia de erradicação da pobreza em Portugal.
"Vale a pena insistir aqui hoje a propósito de um tema concreto (...), insistir no sentido de ver se é possível da parte de patronato e sindicatos, de um lado, e de hemisférios político-partidários diferentes, se é possível dar alguns passos no curto prazo, preparando o médio e o longo prazo no domínio na tal estratégia de erradicação da pobreza", apelou o chefe de Estado Marcelo Rebelo de Sousa.
Defendendo que a luta contra a pobreza tem ser uma prioridade nacional e tem de sê-lo duradouramente, Marcelo Rebelo de Sousa pediu "menos palavras e mais acções" colectivas e transversais.
"Há que assumir todos os dias a defesa de um direito básico de todos os cidadãos, o direito a não viverem excluídos, nem social, nem económica, nem culturalmente", disse o Presidente da República, que falava na sessão de encerramento do seminário "Lutar contra a Pobreza: a realidade e as propostas do sector social em Portugal", realizado no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG-UTL), em Lisboa.
Por isso, continuou, a luta contra a pobreza nas suas várias formas é uma prioridade nacional e, enquanto não houver essa consciência e consenso, "verdadeiramente não haverá coesão social ou não haverá tanta coesão social quanto a desejável e necessária".
Numa intervenção em que citou por diversas vezes Alfredo Bruto da Costa, sociólogo e antigo ministro falecido recentemente e que se dedicou ao estudo da pobreza e da exclusão social, o Presidente da República lembrou que a luta para a erradicação da pobreza é "uma luta feita de decisão política".
Por isso, defendeu, é necessário um consenso que atravesse o sistema político e social e que os parceiros desses dois sistemas estejam atentos às raízes sociais dos problemas vividos no país.
"É uma questão que me preocupa muito, que os parceiros políticos e sociais se não deixem afastar das raízes que, essas sim mergulham no tecido social, que não fiquem estruturas de cúpula, teoricamente representativas da realidade social, mas depois em termos operacionais mobilizando pouco ou não mobilizando suficientemente em termos de grandes problemas sociais", disse.
Porque, continuou, "não basta ideias, sonhos ou projetos, é preciso haver políticas públicas". Reconhecendo que o apelo ao consenso é difícil quando existem duas visões diferentes de modelo de desenvolvimento do país, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que, se há plataforma em que é preciso existir o mínimo de consenso social, é na luta contra a pobreza.
Políticas que, referiu, "não mudem de cada vez que muda o Governo, que não mudem na Saúde, que não mudem da Educação, que não mudem da Segurança Social, na Solidariedade Social, que sejam relativamente estáveis".
"Mas, para isso, é preciso que quem está nos dois hemisférios que tem visões diversas sobre a governação imediata façam passos de aproximação", preconizou, lembrando que a função do Presidente da República é "ajudar a esses passos", estando no "centro de gravidade da realidade política nacional para permitir essa aproximação".
"Cada dia passado é um dia perdido, cada dia de adiamento é um dia de derrota neste desafio social", salientou, considerando que vale a pena ir fazendo esses apelos ao consenso independentemente do grau de sucesso.