Quase 83% dos comerciantes do Bolhão ficam no futuro mercado

Concurso público para a empreitada de requalificação do mercado, no valor de 25 milhões de euros, deverá ser lançado nos próximos dias.

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Mais de um ano e meio depois da apresentação do conceito, a obra do Bolhão vai a concurso. RF Rita Franca

Ainda há quem não tenha decidido e quem já tenha dito que vai abandonar o Mercado do Bolhão de vez, mas a grande maioria dos vendedores quer continuar e deverá transitar para o mercado reabilitado. A informação foi dada, esta terça-feira, numa reunião extraordinária do executivo da Câmara do Porto, quase exclusivamente dedicada ao tema do restauro e modernização do edifício, agora que o concurso público para a empreitada está prestes a ser lançado.

Cátia Meirinhos, da empresa municipal GOP – Gestão de Obras Públicas e um dos rostos do Gabinete do Mercado do Bolhão, foi quem apresentou à vereação os dados mais recentes sobre o processo. Segundo a informação que levou à reunião pública, dos 91 comerciantes do mercado, 60 já transmitiram ao gabinete que vão transitar para o mercado reabilitado, depois de passarem pelo mercado temporário que ficará instalado no centro comercial La Vie. “Há 15 que desistiram e 16 ainda estão a decidir, mas destes acreditamos que nove ou dez irão continuar”, disse a responsável, contabilizando a continuidade dos actuais vendedores numa percentagem próxima dos “83%”. Os que não ficam, disse ainda, em resposta ao vereador da CDU, Pedro Carvalho, é porque “não têm família a quem passar as bancas e porque atingiram uma idade que não lhes permite continuar”.

Os vereadores e o público presente – incluindo três dirigentes da Associação Bolha de Água, que representa parte dos comerciantes do Bolhão – ouviram ainda Cátia Meirinhos dizer que o concurso público que deverá ser lançado nos próximos dias será limitado por prévia qualificação. Aos concorrentes vão ser exigidas garantias técnicas e financeiras para que possam ser admitidos. Será obrigatório, por exemplo, que os concorrentes tenham tido, nos últimos dez anos, pelo menos três obras com o preço contratual igual ou superior a dez milhões de euros. E que tenham experiência com trabalhos em restauro que, se não for incluído numa daquelas três empreitadas, terá que fazer parte de uma outra obra com o valor mínimo de um milhão de euros.

O preço base do concurso para a empreitada do Mercado do Bolhão será de 25 milhões de euros e, após a avaliação dos factores relacionados com a capacidade técnica e financeira, o critério que ditará o futuro vencedor será o mais baixo preço, explicou Cátia Meirinhos. O prazo para a empreitada será de 720 dias (quase dois anos), mas existirão ainda “dois prazos vinculativos”. A partir do auto de consignação da obra, o empreiteiro terá 480 dias para entregar todos os trabalhos que lhe competem do exterior e dos espaços interiores de restauração. Este prazo, fixado em cerca de oito meses antes da conclusão da obra global, irá permitir que os responsáveis destes espaços façam os trabalhos individuais de adaptação que entenderem. Além disso, quatro meses antes da conclusão dos trabalhos o empreiteiro terá também que ter colocado todos os equipamentos do interior, referentes à instalação das bancas de venda ou negócios como peixarias.

A vereação saudou as informações apresentadas na reunião extraordinária, mas não sem avisos. Enquanto Ricardo Almeida, do PSD, lamentava o que disse ter sido “uma oportunidade perdida de envolver a cidade e conseguir um consenso” em relação ao projecto, Pedro Carvalho, da CDU, frisou que o mais importante nesta fase é que a obra se concretize “dentro dos prazos e sem derrapagem de custos”, anunciando “um voto de confiança” ao executivo, nesta matéria.

Os comerciantes presentes, todos de lojas exteriores do Bolhão, mostraram-se preocupados com o período de transição e pediram que fossem cabalmente esclarecidas algumas questões, nomeadamente, se vão ter mesmo que sair, para onde, e se não é mesmo possível fazer a obra mantendo-os no mercado. A esta última pergunta, o vereador do Urbanismo, Manuel Correia Fernandes, respondeu com um “não é possível” definitivo, enquanto o presidente Rui Moreira garantia aos lojistas que o Gabinete do Mercado do Bolhão está aberto a ouvir as sugestões que estes possam ter sobre a instalação temporária das suas lojas num local diferente do La Vie, desde que seja “exequível”.Já as regras do mercado temporário no La Vie, afirmou Cátia Meirinhos, serão "as do mercado e não as do shopping".

A reunião serviu ainda para que Nuno Santos, adjunto de Rui Moreira, levantasse o véu sobre o plano de comunicação que vai acompanhar a obra e a instalação do mercado temporário no La Vie. A designação “Mercado Temporário do Bolhão” vai começar a aparecer em vários pontos da cidade e vai também estar estampada nos tapumes que vão esconder o edifício do mercado histórico durante a obra. A publicidade e os artigos de oferta, para encaminhar os clientes para o La Vie, vão começar a ser visíveis já nas próximas semanas e está prevista uma “campanha de animação” para atrair clientes ainda ao Bolhão de sempre durante a época de Natal. O investimento prometido em publicidade para o mercado temporário e o mercado definitivo, nos próximos dois anos, seria “impossível para um privado comercial”, garantiu Nuno Santos, afirmando ainda que a marca Mercado do Bolhão, concebida na lógica da marca Porto já está pronta, mas vai ficar “fechada a sete chaves nos próximos três anos”.

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