Vítor Constâncio preocupado com proteccionismo de Trump

Apesar da boa reacção dos mercados ao resultado das eleições americanas, o vice-presidente do BCE aponta riscos políticos e económicos para a Europa.

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Reuters/DARRIN ZAMMIT LUPI

Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), mostra-se preocupado com os riscos que a eleição de Donald Trump nos EUA pode gerar para a Europa, apesar de os mercados bolsistas internacionais terem tido uma reacção favorável à vitória do republicano.

Nas declarações efectuadas numa conferência em Frankfurt esta segunda-feira, Constâncio aponta, por um lado, consequências económicas devido ao proteccionismo anunciado por Trump e, por outro, riscos políticos que se podem alastrar pela Europa, tendo em conta que em Dezembro se realiza um referendo constitucional em Itália e que, no próximo ano, a França tem eleições presidenciais e a Alemanha e a Holanda têm eleições legislativas.

Citado pela Reuters, o vice-presidente do BCE afirma: “Temos de ser cautelosos em chegar a conclusões precipitadas e positivas sobre os desenvolvimentos verificados nos mercados porque podem não indicar, necessariamente, que a economia mundial vai acelerar a sua recuperação com um crescimento elevado”.

Ou seja, segundo Constâncio, a intenção de Trump em cortar impostos para famílias e empresas e de aumentar a despesa pública pode favorecer o crescimento económico norte-americano, o que acalma os investidores com interesses nos EUA. Porém, pode, em sentido contrário, afectar as exportações da União Europeia. “Até agora, esses desenvolvimentos [dos mercados] apontam para um aumento do crescimento económico norte-americano mas no contexto de uma política de 'América primeiro'”, sublinhou.

O número dois de Mario Draghi mantém ainda a previsão de que a economia da zona euro continuará na sua trajectória de recuperação permanecendo confiante de que a taxa de inflação aumentará “bem acima de 1%” até à próxima Primavera.

Apesar disso, Constâncio nota que estas previsões baseiam-se no cenário onde os “potenciais riscos negativos da actual incerteza mundial” não se concretizam. Por isso, pede políticas económicas “mais expansionistas” de forma a apoiar o crescimento. 

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