Papa voador não identificado
Às 23h no TV Séries, Paolo Sorrentino e Jude Law numa série improvável de dez episódios que chega a Portugal antes da estreia na HBO nos EUA.
Pairando sobre a Praça de São Pedro em Roma, Vaticano, Jude Law cospe com desdém: “Nunca vou ultrapassar a minha aversão a turistas. Porque estão só de passagem”. A transiência não é, de facto, uma das qualidades de The Young Pope, que não perde tempo com subtilezas. Um Papa americano, jovem, bonito, que é tão populista e barroco quanto a série que habita. É um drama? Uma sátira? Um avião? Uma matriosca de choque e brilhos de anúncio publicitário?
The Young Pope surge como um cometa, um objecto não identificado ou ainda não classificado na constelação das séries. Este domingo, no TV Séries, repete o primeiro e estreia-se o segundo episódio da nova série da HBO que só em Janeiro chegará aos EUA.
Os dois primeiros capítulos da história do órfão de Brooklyn que se torna Papa tiveram ante-estreia em Setembro no Festival de Veneza, ou não fosse a série precedida do nome de código Paolo Sorrentino.
Coca-cola, cigarros, fundamentalismo e tiros disparados contra o ventre da Igreja Católica. Tudo servido por Maquiavel e anti-heróis em diálogos do próprio Sorrentino em italiano e inglês (tantas legendas para o incauto povo americano, que vai receber a série cinco dias antes da posse do seu novo Presidente que tanto agradou aos cristãos evangélicos). Só mais uma coisa: tem Diane Keaton.