Mercado japonês na mira das empresas portuguesas de têxteis e tecidos

Exportações portuguesas para o mercado nipónico cresceram 16% até Setembro.

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Marco Duarte/Arquivo

Oito empresas têxteis portuguesas rumam ao Japão para participarem na feira de tecidos Jitac European Textile Fair, apostadas em consolidar a presença num mercado para onde as exportações sectoriais cresceram 16% até Setembro.

"Este é um mercado que está em crescimento e onde contamos com uma carteira de clientes bastante interessante", afirmou a assistente de direcção da Lemar, empresa de Guimarães especialista em tecidos com riscas tintas em fio.

Apontando como prioridades na segunda edição anual daquela feira de tecidos dedicada aos produtos europeus "estabelecer novos contactos e consolidar os contactos já existentes", Fátima Silva adianta que a nova colecção outono/inverno da empresa será marcada pelos "tecidos laminados, com colagens, novos acabamentos, estampados novos e riscas pesadas".

Além da Lemar, participam na Jitac - que decorre no Tokyo International Forum, em Tóquio - a Burel Factory, a Eurobotónia, a Tintex Textile e a Texser/Têxtil Serzedelo (que viajam com o apoio da Associação Selectiva Moda), bem como a Riopele, Somelos Tecidos e Troficolor Denim Makers, repetentes no certame.

Em declarações à Lusa, a fundadora e proprietária da Burel Factory - criada em 2010 numa sala da antiga fábrica Lanifícios Império, na Serra da Estrela, para trabalhar o tecido mais tradicional na região, o burel - apontou o Japão como um mercado "com potencial" e que se destaca pela "exigência, rigor e controlo".

"Quando começámos o projecto de recuperar o tecido burel para criar produtos inovadores - desde tapetes a almofadas, fundos de cama, bancos, revestimentos de parede e mochilas -- achámos que deveríamos testá-lo no Japão, pela sua exigência", explicou Isabel Dias da Costa.

Adiantando que até 2015 aquele foi o principal mercado internacional da empresa, absorvendo 20% das exportações, tendo só este ano sido ultrapassado pelos EUA, a responsável garante que continuará a ser um destino privilegiado para os produtos da empresa, cuja meta é manter no Japão o ritmo anual de crescimento de 15% nas vendas.

Já a empresa de tecelagem e tinturaria Texser destaca entre os produtos que leva ao Japão "as flanelas e as 'vyellas' com fios 'delavé'": "Esta feira faz parte do nosso programa de internacionalização, definido há cerca de três anos. Pretendemos a consolidação da nossa marca junto dos clientes japoneses", afirma José António Ferreira, diretor de exportação da empresa de Guimarães, especialista em tecidos camiseiros 100% algodão.

Apontando o Japão como "um mercado onde as empresas portuguesas querem consolidar a sua presença", a Associação Selectiva Moda e a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) destacam o crescimento de 16% entre Janeiro e Setembro deste ano, face ao período homólogo de 2015, das exportações têxteis e vestuário para aquele país, que somaram perto de 8,405 milhões de euros.

O segmento de têxteis (excepto têxteis-lar), onde se incluem os tecidos, registou a maior subida, com as respectivas vendas para o Japão a aumentarem 47% até Setembro, para cerca de 1,773 milhões de euros.

Já o vestuário progrediu 6%, para 3,657 milhões de euros, e os têxteis-lar e outros artigos têxteis confeccionados subiram 14%, vendendo 2,975 milhões de euros para o mercado nipónico.

A participação na Jitac das cinco empresas portuguesas apoiadas pela Selectiva Moda e pela ATP insere-se na acção do From Portugal 2015-2016, uma iniciativa que visa promover a internacionalização das empresas portuguesas da área da moda e que é financiada pelo Portugal 2020 no âmbito do Compete 2020 - Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização.