Sting reabriu o Bataclan. Os Eagles of Death Metal ficaram à porta

"Esta noite permito-me retomar a minha vida”, afirmou um dos sobreviventes dos atentados que voltou à sala de concertos, um ano depois.

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Imagens do concerto de reabertura do Bataclan AFP/STR
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Começou com um minuto de silêncio, arrancou a música com os primeiros acordes de Fragile, continuou com um dos seus maiores sucessos, o Message in a Bottle. O britânico Sting reabriu o Bataclan, praticamente um ano após os atentados que vitimaram 130 pessoas no dia 13 de Novembro do ano passado.

Em francês, Sting começou por avisar ao que vinha: “Temos duas tarefas para conciliar: em primeiro lugar, lembrar aqueles que perderam a vida no ataque. Depois, celebrar a vida e música neste lugar histórico”.

A última vez que o cantor tocou na mítica sala parisiense foi há mais de 30 anos. Agora apareceu acompanhado no palco pelo trompetista franco-libanês Ibrahim Maalouf. Previsto para durar uma hora – tantas quanto demorou a esgotar os bilhetes para o evento – as receitas deste espectáculo revertem para Life for Paris e para a 13 Novembre: Fraternité Verité, as duas associações que apoiam as famílias das vítimas e os sobreviventes dos ataques. 

Com a sala lotada, e quase 1500 pessoas na assistência (a lotação é de 1497 lugares), o concerto foi filmado, para ser difundido por várias estações de televisão, entre elas a TV5. Entre os presentes estavam muitos sobreviventes e familiares de vítimas, alguns deles com lágrimas, outros com flores. O momento era assumidamente de comoção, mas também de festa, as tais duas tarefas invocadas por Sting.

Quem pretendia estar entre a assistência eram dois membros dos Eagles of Death Metal – a banda que estava em cima do palco na noite dos atentados – mas foram barrados pela direcção da sala de espectáculos. A direcção do Bataclan não lhes perdoou as insinuações feitas pelo vocalista Jesse Hughes em Março, quando levantou a hipótese de alguém da segurança da sala de espectáculos ter sido cúmplice dos terroristas.

 “Eles vieram e eu impedi a entrada. Há coisas que não se podem perdoar”, disse o co-director da Bataclan, Jules Frutos, citado pela AFP.

Jesse Hughes ficou à porta, enquanto dentro da sala estiveram cidadãos de algum modo afectados pelos acontecimentos de há um ano. Alguns deles permitiram-se entrar num local público pela primeira vez desde então. “Não fui a um cinema, a um concerto, tentava evitar ter de ir às compras. Fiz o possível para não ter de sair de casa”, confidenciou à AFP um desses sobreviventes, identificado apenas como Aurelien. Na noite em que regressou ao Bataclan para ouvir o antigo líder dos Police, confessa: “Esta noite permito-me retomar a minha vida”, afirmou.

Nas declarações que foi prestando a anunciar este dia de luto e de festa, o Bataclan esclareceu que estaria presente a secretária de Estado francesa Juliette Méadel, responsável pela pasta do auxílio às vítimas do 13 de Novembro. Psicólogos estarão também de serviço na sala para apoiar quem necessitar. Mas "tínhamos de continuar depois de tal horror, e não deixar um mausoléu, um túmulo" no lugar da histórica sala de espectáculos, disse à AFP Jules Frutos, que foi quem telefonou a Sting para o convidar a regressar ao espaço onde actuou com os Police.

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