PSOE em crise? O olhar de bloquistas e socialistas sobre Espanha
O socialista Porfírio Silva espera que “as esquerdas espanholas consigam fazer melhor no futuro”. O bloquista Jorge Costa tem um olhar mais pessimista sobre o futuro do PSOE.
O paralelismo com o cenário português é imediato, mas o olhar de bloquistas e socialistas sobre Espanha e o futuro do PSOE difere. Para o Bloco de Esquerda, o PSOE “pagará o preço” pela escolha que fez – viabilizar um Governo de direita – e esse preço é ser “absorvido” pela direita. Para o PS, o PSOE acabará por “encontrar um caminho de unidade”.
As declarações são do deputado bloquista Jorge Costa e do socialista Porfírio Silva. E são sobre o impasse político em Espanha que só foi desbloqueado recentemente com a abstenção do PSOE, que permitiu viabilizar o Governo de Mariano Rajoy. Uma decisão contrária à posição de Pedro Sánchez, que acabou por se demitir (mas, segundo os jornais espanhóis, poderá querer voltar a disputar a liderança, o que não é bem recebido por todo o partido). O PSOE reúne em Dezembro o comité federal para decidir como escolherá o novo líder e traçar um rumo para um partido dividido.
Os dois deputados referem que os nacionalismos tornam a realidade espanhola mais complexa e concordam que teria sido desejável um entendimento entre as esquerdas. Só que o BE considera que o Podemos tudo fez para isso acontecer; o PS discorda.
Apesar da crise que o PSOE enfrenta, este socialista defende que vai ser capaz de dar a volta e que o ideário socialista não está em causa: “A situação não é fácil, mas não me parece que se possa deduzir que o PSOE não possa encontrar um caminho de unidade no futuro. Em Portugal, o PS também passou recentemente por esse período de debate. Estou convicto de que o PSOE também será capaz de o fazer.”
E acrescenta: “Passámos décadas em Portugal a achar que não era possível mudar a forma como se governa o país, e foi. Em política não há impossíveis. Espero que as esquerdas espanholas consigam fazer melhor no futuro. Sou socialista. Acredito que os socialistas e sociais-democratas na Europa têm um papel insubstituível na criação de alternativas às governações de direita.”