A colaboração da mala voadora com o Fórum do Futuro começou no ano passado, quando a companhia de Jorge Andrade e José Capela cruzou o seu programa Happy Together com o “festival de pensamento” concebido por Paulo Cunha e Silva, integrando na edição de 2015 a conferência de Santiago Cirugeda, arquitecto espanhol que defende a participação activa dos cidadãos nas tomadas de decisão urbanísticas.

Uma ligação, para evocar a palavra-chave da programação deste ano do Fórum do Futuro, que se fortaleceu na edição agora a decorrer, com a partilha de dois oradores: o realizador e produtor etíope-eritreu-sueco Teddy Goitom, criador da Afripedia, e o fotógrafo camaronês Samuel Fosso. E não é por acaso que este mini-programa da mala voadora no fórum organizado pelo pelouro da Cultura da Câmara do Porto traz à cidade dois criadores africanos. “Quando começámos a pensar em quem convidar, tínhamos acabado de estrear Moçambique e estávamos concentrados em África”, explica a programadora Vânia Rodrigues. Saga política construída a partir de uma espécie auto-ficção alternativa, a peça – que pode ser vista esta sexta-feira e no sábado em Viseu, no Teatro Viriato – imagina o que teria acontecido a Jorge Andrade se tivesse permanecido em Moçambique, mas também o que seria hoje do país se o actor não tivesse demandado outras paragens.

Tal como já acontecera em 2015, a mala voadora não se limitou a convidar estes dois artistas, nos quais vê um mesmo empenho na “reinvenção biográfica e cultural de África” e na divulgação de uma “imagem cosmopolita” do continente, mas lançou também um call for art, desafiando os jovens criadores portugueses a produzir trabalhos que dialoguem de algum modo com a obra dos convidados ou reflictam o tema deste ano do Fórum do Futuro. O júri seleccionou as quatro melhores obras, que integram uma exposição conjunta inaugurada esta quarta-feira no espaço portuense da mala voadora, na Rua do Almada.