Nas entranhas da Roménia

A Roménia nova continua a caminhar sobre a sua História, por mais que a queira enterrar, parece ser a moral da História – que Porumboiu expõe sem qualquer demonstração, numa linearidade factual que é a maior força de Tesouro.

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O filme anterior de Porumboiu, Metabolismo, dava especial atenção às entranhas do protagonista, pormenorizadamente perscrutadas através de TACs e afins, mas sempre a abrir a porta para uma dimensão irracional, propensa a toda a espécie de leituras psicanalíticas. Em Tesouro as entranhas são agora as da terra romena, na forma de uma suposta fortuna que alguém enterrou, logo a seguir à II Guerra, para a esconder do avanço comunista.

A Roménia nova continua a caminhar sobre a sua História, por mais que a queira enterrar, parece ser a moral da História – que Porumboiu expõe sem qualquer demonstração, numa linearidade factual que é a maior força de Tesouro.

Longe dos rodopios labirínticos de outros filmes do autor, a simplicidade narrativa impõe-se, baseada numa única expectativa: o “tesouro” existe mesmo?; é realmente valioso? Independentemente da resposta que o final do filme vem dar, o que sustém o filme é, apenas e só, o processo de busca. Que Porumboiu estica e estica (a longa sequência no jardim, com o detector de metais), mais interessado no estudo das suas personagens e no que elas dizem sobre a “classe média” romena contemporânea do que na concretização dum filme de mistérios e “caças ao tesouro”. É o menos espectacular dos filmes de Porumboiu, mas as suas solidez e coerência, ainda que num tom menor, não merecem discussão. 

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