Braga já tem uma Casa da Ciência e um planetário para ver as estrelas

No dia 1 de Novembro, Braga abre ao público uma Casa da Ciência. Este projecto pioneiro na cidade, com um planetário imersivo digital como principal atracção, é uma nova forma de contacto com a ciência enquanto se vê as estrelas

Foto
Paulo Pimenta

Quando se entra na Casa da Ciência de Braga pensa-se que é um edifício demasiado pequeno para albergar actividades relacionadas com a Astronomia e a Ciência. No entanto, em apenas 500 metros quadrados, encontra-se um lugar totalmente remodelado com capacidade para mais de cem pessoas. No interior, basta atravessar uma porta e subir alguns degraus para ficar mais perto das estrelas e de outros fenómenos celestes: é só esperar que uma cúpula de seis metros de diâmetro preencha a sala com imagens do espaço. Esta é uma das actividades da nova Casa da Ciência, um projecto que começou a ser desenhado há 11 anos pela Sociedade Científica de Astronomia do Minho (ORION).

O edifício foi construído recentemente depois de a ORION – agora membro associado da rede de centros Ciência Viva – apresentar uma candidatura ao Orçamento Participativo Braga 2016. Este projecto foi um dos mais votados pelos bracarenses e os 85 mil euros angariados, juntamente com o apoio de vários mecenas da cidade, permitiram a abertura do Planetário – Casa da Ciência de Braga localizado na freguesia de Gualtar.

“Este espaço surge com o objectivo de divulgar a ciência e de ter em Braga um espaço onde os bracarenses podem contactar com a ciência mais regularmente”, resume João Vieira, director da Casa da Ciência de Braga e responsável pelo projecto da ORION. A infra-estrutura vai estar aberta à cidade, de segunda-feira a sábado, pronta a receber visitas regulares de crianças e adultos e sessões diurnas e nocturnas. E, em todas as valências do projecto, estará presente a componente educativa através de uma parceria estabelecida com a Câmara Municipal de Braga, no sentido de proporcionar às crianças o acesso e a participação nas actividades.

Foto
É como se estivéssemos dentro do filme, diz Maria Luís Miranda Paulo Pimenta

O ex-libris da Casa da Ciência é o planetário digital imersivo. Com capacidade para 30 pessoas de nariz no ar, esta sala permite ver o céu nocturno, os anéis de Saturno e as galáxias, identificar as diferentes constelações e figuras mitológicas que lhes estão associadas e assistir ao lançamento de um foguetão. Os pequenos filmes e imagens projectados na cúpula do planetário e explicados pelos monitores dão aos visitantes a sensação de que estão dentro da realidade simulada por computador. “A imersividade do planetário permite que seja uma experiência mais completa, é como se estivéssemos dentro do filme e é mais fácil perceber os conceitos ligados à Astronomia. É uma ferramenta excepcional para ensinar, mas também para envolver as pessoas com outras áreas da ciência através dos temas que abordamos”, refere ao P3 Maria Luís Miranda, directora pedagógica da Casa da Ciência de Braga.

Foto
“A brincar abordam-se conceitos-chave que as crianças precisam” Paulo Pimenta

No entanto, o planetário é apenas uma das seis salas que permitem desenvolver actividades científicas. Assim que se entra no edifício encontra-se uma divisão com uma carta celeste a cobrir uma das paredes e uma pequena mostra no centro da sala, cujo objectivo é explicar a superfície dos espelhos e os conceitos a eles ligados. O laboratório destina-se a alunos do pré-escolar e 1º, 2º e 3º ciclos que, todas as semanas, poderão visitar este local para realizar actividades relacionadas com temas leccionados nas escolas. Construir alimentadores de aves ou simular as crateras visíveis na superfície da Lua são algumas sugestões referidas por Maria Luís Miranda, pois “a brincar abordam-se conceitos-chave que as crianças precisam”.

Foto
Os bilhetes para as visitas ao Planetário têm um preço regular de 4 euros Paulo Pimenta

A visita continua com uma viagem da terra aos confins do mundo. Este é o tema da exposição itinerante com 28 painéis sobre Astronomia que permitem olhar para o passado e para “o limite do universo”, uma vez que as imagens apenas chegam à terra segundos, minutos ou até milhões de anos-luz depois de serem captadas. O compartimento mais pequeno é o observatório astronómico que com um telescópio computorizado consegue captar imagens que depois só poderão ser vistas num computador.

Foto
O planetário é apenas uma das seis salas que permitem desenvolver actividades científicas Paulo Pimenta

O auditório com capacidade para 60 pessoas é o local que, em breve, vai receber os cafés com ciência, conversas informais com cientistas, investigadores e professores ligados à área da ciência para falar do trabalho que desenvolvem ou de temas mais actuais. O charco exterior é outra das atracções e, segundo a bióloga e directora pedagógica da infra-estrutura, “é excelente para as crianças aprenderem mais sobre a biodiversidade e as cadeiras tróficas, uma vez que podem tirar amostras da água e analisá-las nos microscópios que estão no laboratório”.

Estes módulos são desenhados para miúdos e graúdos. “Durante o período semanal, as actividades são mais centradas em grupos escolares e à noite e aos fins-de-semana mais focadas no público em geral”, explica Maria Luís Miranda. Um exemplo é o ATL Ciência que decorrerá nas manhãs de sábado, no qual os pais podem deixar as crianças entregues a monitores que as ajudarão a desenvolver temáticas diferentes todas as semanas. “Este projecto é para todas as idades. Para além dos estudantes, vamos ter as sextas-feiras e os sábados direccionados para as famílias e para a comunidade em geral para que possam usufruir de uma oferta que até agora não tinham em Braga”, acrescenta João Vieira.

A 1 de Novembro, dia da abertura ao público, estará em exibição no planetário, entre as 10 e as 21 horas, o filme “Da Terra ao Universo”, produzido pelo Observatório Europeu do Sul. Trata-se de “uma viagem de 30 minutos através do tempo e do espaço” que “dá a conhecer mais sobre o Universo estudado e revelado pela Ciência”, salienta a organização. As oito sessões já estão lotadas.

Os bilhetes para as visitas ao Planetário – Casa da Ciência de Braga têm um preço regular de 4 euros. Para crianças e jovens até aos 17 anos e seniores com mais de 65 anos o preço é de 3 euros. Os grupos escolares têm preços especiais e ainda há uma oferta para toda a família pela quantia de 10 euros. O próximo passo é “fazer uma oferta também para estudantes porque faz todo o sentido que acedam a um espaço com ferramentas úteis para a formação”, diz Maria Luís Miranda.

As perspectivas antes da inauguração de um projecto “único e pioneiro” em Braga são elevadas. “O feedback é muito positivo porque ainda não abrimos e já temos a agenda pré-preenchida até Dezembro”, afirma João Vieira, “o que significa que a adesão das pessoas tem sido muito boa e, por isso, as expectativas são altas”. As visitas podem ser agendadas online na página da Casa da Ciência de Braga.

Sugerir correcção
Comentar