Aracnídeos zombies e animais que brilham no escuro: a mãe-natureza dispensa máscaras

Entre centopeias que brilham no escuro, cobras voadoras e aranhas zombies, os perigos que a mãe-natureza esconde não precisam de máscaras de Halloween.

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As aranhas merecem duplo destaque na lista: para além de sobreviver à reprodução e têm de evitar ser transformadas em zombies Reuters/ALY SONG

Doce ou travessura? O mais assustador deste Halloween talvez sejam mesmo as travessuras escondidas no mundo dos animais. O New York Times selecciona uma lista de curiosidades científicas que podem arrepiar.

Brilho venenoso

Ommatoiulus moreleti é uma espécie de centopeia conhecida como milípede portuguesa. Natural do sul da Península Ibérica, esta espécie gosta das temperaturas de Outono e é por essa altura que a sua actividade é maior. Para além de cianeto (um químico tóxico mortal que afecta células responsáveis pela respiração), algumas espécies deste animal possuem bioluminescência – luz produzida naturalmente através de uma reacção química - que as faz brilhar no escuro e assim afastarem possíveis predadores. A descoberta foi feita em 2011 e os investigadores concluíram que, num experimento onde os predadores eram colocados com esta subespécie, apenas atacaram aquelas que tinham a sua luz disfarçada.

As investigações que se procederam concluíram também que o que começou em algumas subespécies como um acidente metabológico acabou por evoluir à medida que também a produção de cianeto aumentava. A lógica é simples: quanto maior for o brilho, maior a quantidade de cianeto.

A bioluminescência repete-se noutros animais, mas é mais comuns nas espécies marinhas que habitam em águas profundas. Pode também ser aplicada em laboratório, para estudar os efeitos de doenças, por exemplo. Sobre isso, a National Geographic tem uma galeria de fotos. De macacos a porcos, há brilhos em animais para todos os gostos.

Cobras voadoras

A ideia de uma cobra a rastejar parece assustadora? Então o que dizer de uma cobra que desafia as leis da aerodinâmica e voa com a mesma facilidade de quem se desloca no chão? O movimento feito em “S”, entre ângulos de 15 e 40 graus, permite elevações por vezes mais eficientes do que alguns modelos de asas, nota um estudo citado no Journal of Experimental Biology. Os estudos de voos aerodinâmicos de insectos e aves são aplicados no design de aviões e robôs voadores.

Bondage entre teias

Os relatos de canibalismo são um dos traços que mais caracterizam as aranhas e o pesadelo dos machos da espécie. As fêmeas podem matar o macho antes, durante ou depois do acto sexual. Os machos procuram por isso formas de escapar à morte. Alguns esperam que as fêmeas estejam distraídas a comer para se apressarem a copular. Algumas espécies até investem num presente, para as distrair durante o momento.

Entre os truques para sobreviver à reprodução da espécie, surge agora uma nova técnica entre os aracnídeos. A técnica é da pisaurina mira, conhecida como "aranha de berçário", que amarra a fêmea, imobilizando as pernas da parceira durante o acto sexual através dos fios de seda que produz. Desta forma, a aranha-macho consegue copular e fugir antes da fêmea se libertar.

De parar a circulação

Os roedores são uma das principais presas de várias cobras. O ataque é rápido e mortal e regra geral acontece com a cobra a imobilizar a presa, enrolando-se a ela, até a matar. Sufoco? Não necessariamente. Um estudo desenvolvido na Pensilvânia mostra que a causa de morte não é o sufoco, mas sim a descida da pressão arterial, enquanto os níveis de oxigénio no sangue se mantêm iguais.

The Walking Dead Spider

Zombies? Sim, eles existem e são aranhas. Não é fácil ser aracnídeo. Entre sobreviver à reprodução da espécie aos predadores naturais, as aranhas podem ainda ser usadas como um anfitrião para ovos de uma vespa, sendo transformadas em zombies. A larva manipula a aranha através de uma teia que serve também de casa para os seus ovos. No final, a larva come a aranha. 

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