Pedro Sánchez renuncia ao mandato e abre “guerra pelo poder” dentro do PSOE
O ex-secretário-geral socialista abandonou o Congresso e não votou a investidura de Rajoy.
Pedro Sánchez renunciou ontem ao cargo de deputado e vai lançar-se, a partir de segunda-feira, numa digressão por toda a Espanha sob o lema “Vamos todos juntos recuperar o PSOE.” O ex-secretário-geral não antecipa a sua candidatura às primárias que elegerão o novo líder, mas as suas palavras são eloquentes. Titulou o El País online: “Pedro Sánchez deixa o lugar e lança a sua candidatura à secretaria-geral.”
Sánchez estava perante um dilema e justificou assim a sua renúncia: manter o seu compromisso de votar “não” contra Rajoy e não violar a disciplina partidária — o que arruinaria o seu futuro como dirigente.
Lançou um desafio à comissão gestora, presidida por Javier Fernández: “Hoje, após a investidura de Rajoy, expira o mandato da comissão gestora e na segunda-feira ela deverá anunciar a data, hora e local para o congresso em que todos os socialistas têm de votar.”
Ora, tanto Fernández como a maioria dos líderes regionais não tencionam convocar um congresso e primárias antes de Março, de forma a fazer baixar a tensão interna. Fernández também não aceita que seja o ex-secretário-geral “a marcar a agenda política”.
A nova legislatura abre assim com um PSOE fracturado e em “campanha eleitoral”. Escreveu há dias no El Espanõl a politóloga Gema Sánchez Medero: “A fractura que se abriu no partido é de tal calibre que dificilmente se poderá encontrar uma solução a curto prazo. Ao longo da sua história, o PSOE já passou por grandes crises, mas nenhuma delas se manifestou de forma tão patente e pública nem implicou a ruptura com uma boa parte dos militantes.”