O insolente Schäuble
O governo alemão deve explicações ao governo e ao povo de Portugal. Basta de insolência. A imperatriz nem que seja para fazer de conta deve segurá-lo na sua incontinência se é que pode ou quer.
O Sr. Schäuble, ministro das Finanças da imperatriz Merkel, não tem estaleca para viver em conjunto com outras nações, designadamente com aquelas que escolhem o seu próprio caminho político.
Ao Sr. Schäuble a vontade de um povo em eleições livres nada lhe interessa. Para ele o que conta é a sua predileção política, o que significa que para a grosse Deutschland todos os que não alinham com os seus desígnios correm sérios riscos de ter resgastes.
Schäuble gostava do seu homem, do Dr. Passos … um amor, mas não devia passar dessa simpatia amorosa pelo homem que se guiava pelo eixo de Berlim e castigava os portugueses pela sua desgraça.
Os ministros de um dado país devem respeitar a vontade soberana de um povo de outro, não se ingerindo e pressionando esse país.
O Sr. Schäuble ao declarar que este governo não está ir bem como ia o anterior, ofendeu grosseiramente a soberania portuguesa, a qual reside na vontade popular que levou à formação do atual governo.
Sabemos que a soberania anda pelas ruas da amargura; e só por isso este sátrapa confunde Portugal com uma coligação de direita que se borrava diante da dupla Merkel/Schäuble.
Schäuble é da estirpe imperial que não aceita outra realidade que não seja a que serve os interesses da alta finança alemã.
Para a Alemanha já interessa a defesa dos interesses alemães, mas para Portugal o que devia contar, segundo Schäuble, era o que os mercados financeiros achassem melhor, sendo certo que quem tem a palavra decisiva nesses mercados é a alta finança alemã.
O governo de Passos era um fofo para a Alemanha, orientava-se por aquela bússola e ia para além do que a troika impunha ao protetorado lusitano.
Brandia o chicote e zás no lombo dos portugueses, calaceiros, malandros, pobres, que tinham de empobrecer para os senhores alemães, holandeses, franceses e ingleses virem a terras portuguesas contratar mão-de-obra a preço da uva mijona.
Nos corredores da grande metrópole berlinense ouvia-se o contentamento por em Portugal haver um governo que compreendia a Alemanha e colocava os mercados über alles –“ Temos governo” diziam os conservadores alemães a cada medida da austeridade que Schäuble quer continuar a impor a Portugal e ao sul da Europa para os alemães terem muito mais feriados que os portugueses, ganharem altamente e virem cá de férias gastar uma ninharia comparado com o que teriam de pagar pelos mesmos serviços na Alemanha…
Quem esqueceu aquela expressão angelical do Sr. Prof. Vitor Gaspar curvado para o austero Schäuble … Desta gente o sátrapa já aprecia.
Podia lá o Sr. Schäuble gostar de um Costa que estancou o empobrecimento a galope do seu querido seguidor, o Dr. Passos acolitado pela Sra. Prof. Maria Luís da Arrows… além disso o que vale a vontade de um povo expressa na composição do parlamento com a do grande império?
O cavalheiro vai ter de aprender a viver com a vontade democrática do povo português e devia saber que o tempo da campanha eleitoral findou e ainda que pressões e ingerências são uma grosseira ofensa ao Estado português e a todos os portugueses, inclusive aos que votaram no PSD e CDS.
Mas isso era preciso que ele compreendesse o que é viver entre Estados independentes onde os governos são constituídos no parlamento e não na capital do império.
Não será de esperar que o cavalheiro mude o chip porque essa não é a matéria de que é feito. As vezes que tem falado ingerindo-se, pressionando Portugal, mostra o calibre desta alma agoirenta no que refere à defesa dos mercados, dos alemães em detrimento dos outros países e dos seus cidadãos.
A sua alma de insolente irá com o senhor até ao fim da vida. Saibam os portugueses dar-lhe a devida resposta. Um povo de um país independente há 873 anos não pode aceitar estas grosseiras ingerências de um dos políticos mais influentes da Alemanha. O governo alemão deve explicações ao governo e ao povo de Portugal. Basta de insolência. A imperatriz nem que seja para fazer de conta deve segurá-lo na sua incontinência se é que pode ou quer.