David Cameron assina contrato para escrever autobiografia e diz que vai contar tudo
Será um relato “franco” sobre “o que resultou e o que não resultou” nos anos que passou no n.º 10 de Downing Street, diz o antigo primeiro-ministro britânico. Livro deverá sair em 2018.
Desta vez, David Cameron quer ser o narrador, quer ser ele a contar a história. Para isso o antigo primeiro-ministro britânico dispõem-se a dedicar o próximo ano a uma autobiografia em que dará a sua versão dos acontecimentos, sem deixar de fora os bastidores de algumas das decisões mais polémicas que tomou e sem deixar de falar sobre como foi viver, em família, no n.º 10 de Downing Street.
Entre estas decisões estará, como não podia deixar de ser, a convocação do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia, derrota pesada para o antigo chefe de governo, que em seguida resignou ao cargo.
Segundo o diário The Guardian, que tal como quase toda a imprensa britânica faz eco da intenção de Cameron de publicar este registo na primeira pessoa, o livro que ainda não tem título será um relato “franco” sobre “o que resultou e o que não resultou” (as palavras são do próprio Cameron). Será uma oportunidade para o antigo primeiro-ministro conservador explicar muitas das suas opções políticas, incluindo as que dizem respeito à cena internacional e, entre elas, o polémico bombardeamento da Líbia, em que as tropas inglesas foram apoiadas pelas francesas, ou a votação que perdeu na Câmara dos Comuns sobre o combate aos jihadistas na Síria.
“Foi um imenso privilégio liderar o partido conservador mais de uma década e o país durante seis anos como primeiro-ministro”, disse Cameron, que tem dado muito poucas pistas sobre o que vai fazer agora que já não chefia o executivo. “Estou entusiasmado com a possibilidade de explicar as decisões que tomei e por que razões as tomei”, acrescentou, referindo à autobiografia que deverá ser lançada em 2018, com a chancela da William Collins, que faz parte do gigante da edição HarperCollins.
Entre os temas abordados no livro estarão, certamente, as reformas que procurou impor na economia, na saúde e na educação, assim como outro referendo com um resultado incómodo para Cameron – o da independência da Escócia.
Segundo o jornal online The Huffington Post o contrato que David Cameron assinou com o grupo HarperCollins vale qualquer coisa como 800 mil libras (quase 900 mil euros). Se assim for, Cameron, hoje com 50 anos, vai receber pela sua autobiografia significativamente menos do que outros antigos primeiro-ministros britânicos – Tony Blair terá recebido 4,6 milhões de libras (5,1 milhões de euros) e Margaret Thatcher 3,5 (3,9 milhões de euros).
David Cameron deixou de ser primeiro-ministro em Julho e foi substituído por Theresa May.