Pedro Dias fugiu para Espanha? PJ admite que ele tem "capacidade para desaparecer"

Autoridades portuguesas admitem essa possibilidade, mas não a confirmam. PJ lembra que o caso do suspeito de Aguiar da Beira não é comparável ao caso de "Palito".

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Ao fundo, o hotel em construção onde Pedro Dias baleou os dois agentes da GNR Hugo Santos

A hipótese de Pedro Dias, o alegado atirador de Aguiar da Beira, ter conseguido fugir para Espanha não é confirmada pelas autoridades portuguesas, que, contudo, admitem essa hipótese. “Há informações que nos chegam de vários locais, mas por agora não é de excluir nem de confirmar que o sujeito esteja ausente do país”, adiantou uma fonte da PJ ao PÚBLICO, para acrescentar que o pedido de colaboração e alerta à Guardia Civil espanhola – o equivalente à GNR portuguesa – foi feito assim que começou a busca ao suspeito, tratando-se de “um procedimento padronizado”, sobretudo porque o crime foi cometido a apenas cerca de 90 quilómetros da fronteira com Salamanca.

Vários órgãos de informação, nomeadamente o salamanca24horas.com, confirmam que as autoridades de fronteira foram postas em alerta e aquela publicação divulgou mesmo fotos do suspeito para que as pessoas possam informar as autoridades caso o avistem. O Correio da Manhã diz que Pedro Dias contou com a ajuda de um amigo para atravessar a fronteira e que, já em Espanha, fez carjacking para roubar uma carrinha Renault Express cinzenta, seguindo rumo para Salamanca.

Os aeródromos estarão também sob forte vigilância, até porque Pedro Dias tem brevet de piloto, o que leva as autoridades a admitir o risco de ele alugar uma aeronave. Ao PÚBLICO, fonte da PJ recusa comparações com Manuel “Palito”, que esteve mais de 30 dias fugido das autoridades antes de ser apanhado, até porque o atirador de Aguiar da Beira “é alguém com um perfil diferente, com outro tipo de experiência do mundo, que viajou, e, portanto, com outra capacidade para desaparecer”.

Este é o terceiro dia de “caça ao homem” suspeito de, na terça-feira, ter matado um militar da GNR, Carlos Caetano, de 29 anos, a tiro e baleado outro agente, António Ferreira, de 41 anos, que foi hospitalizado em estado grave com um traumatismo crânio-encefálico, mas cujo estado de saúde tem evoluído bem. A PJ está ainda a tentar reconstituir o que realmente se passou naquela madrugada, em Aguiar da Beira, nomeadamente o que é que Pedro Dias estava a fazer no local quando suscitou a estranheza dos dois militares da GNR que efectuavam uma rotineira operação de patrulhamento na zona industrial. A hipótese de Pedro Dias ter sido surpreendido durante o roubo de cobre num hotel em construção nunca foi confirmadas pelas autoridades. 

Sabe-se, porém, que Pedro Dias enfiou o militar da GNR que viria a morrer na bagageira do carro patrulha que usou para escapar do local. E que, a cinco quilómetros dali, baleou um casal antes de lhe roubar o carro. Luis Pinto, de 29 anos, morreu no local e a mulher, Liliane Mara, de 26 anos, continua em estado crítico no hospital de Viseu.  O casal deslocava-se para Coimbra.

O foragido, residente em Arouca, deslocou-se entretanto para S. Pedro do Sul, onde a GNR reuniu um dispositivo com centenas de agentes para a caça ao homem. O major Marco Cruz, da GNR, disse que os militares continuam no terreno, embora em menor número, “sobretudo para garantir a segurança das populações”. Ontem, a Polícia Judiciária fez buscas em casa dos pais de “Piloto”, como é conhecido na zona, para “recolher e carrear provas” para o processo. 

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