São assimétricos, em forma de "L" ou de "U". Uma espécie de camaleões a adaptarem-se à geografia de Khlong Toei, um bairro periférico de Banguecoque, na Tailândia. Aqui, o importante não é ter o tradicional campo de futebol, de um hectare e formato rectangular perfeito — mas antes construir um local onde laços entre a comunidade se criem. E, para isso, qualquer forma geométrica é válida.
É essa a filosofia por detrás do projecto social “Unusual Football Field” (algo como "campos de futebol invulgares", em tradução livre), criado pela construtora local AP Thai e a agência CJ Worx. Em Khlong Toei — como facilmente se percebe pelas fotografias aéreas e o vídeo de apresentação do projecto —, o crescimento urbano transformou o bairro numa zona densamente populada. Num local onde parques verdes e áreas de lazer não vivem.
Sem áreas para a implantação de campos convencionais, o projecto partiu para uma solução não convencional e usou os "buracos" onde não havia prédios ou onde se encontravam terrenos baldios e lixeiras a céu aberto, para construir quatro campos de futebol.
"Esperamos que outras comunidades adaptem esta ideia e também elas mudem os seus espaços irregulares", disse um representante da agência CJ Worx ao The Guardian. "Estes campos de futebol incomuns provaram que desenhar para lá das fronteiras pode ajudar a promover a criatividade usada para desenvolver estes espaços úteis", acrescentou.
Na Tailândia, o futebol é um desporto popular entre os mais jovens. Mas as infraestruturas para a prática da modalidade são quase inexistentes. E isso é um problema: "Os adolescentes precisam de espaço para expressar a sua criatividade, mas a cidade deles não lhes dá essa oportunidade", explica um dos promotores do projecto no vídeo de apresentação.
O “Unusual Football Field” limpou as lixeiras, trabalhou terrenos e desenhou campos de futebol vermelhos com riscas brancas que põem em cima da mesa a importância do urbanismo. A crença é simples: "O espaço pode mudar a vida de alguém."