Cerveira: um mural com oito metros para homenagear José Rodrigues
“Lacunas da Memória”, do artista brasileiro Elton Hipólito, evoca o mestre José Rodrigues. O mural, com oito metros, ocupa a parede do Cineteatro de Vila Nova de Cerveira
Um mural com mais de oito metros, pintado por um artista brasileiro durante uma residência artística realizada em Vila Nova de Cerveira, evoca o escultor José Rodrigues, falecido em Setembro. Em comunicado, a Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC) adiantou que a escolha do local para a instalação da pintura de Elton Hipólito foi “premeditada”, uma vez que fica “em frente ao espaço ajardinado onde se encontra a escultura ‘O Esforço’, do mestre José Rodrigues”.
O mural, classificado como “projecto de arte pública”, intitula-se “Lacunas da Memória” e foi executado durante “quatro dias de intenso trabalho”, no âmbito do programa de Residências Artísticas 2016 da FBAC. Segundo o artista natural de São Paulo, citado na nota enviada à imprensa, o trabalho “pretende contribuir para as questões que surgem de vivências pessoais e de impressões da sociedade actual inerentes ao esquecimento, à memória e à sua preservação”.
Elton Hipólito “optou por se servir apenas de tinta de pigmentos naturais, sendo que a terra colhida no Parque de Lazer do Castelinho reproduziu os tons claros da obra e a terra retirada do monte da Senhora da Encarnação deu origem aos escuros, chamando à atenção para a problemática dos incêndios”. Os brasileiros Elton Hipólito e Priscila Lopes Cantisano e a portuguesa Selma Pereira são os artistas que integram o terceiro período de residências da FBAC, cuja apresentação pública dos trabalhos desenvolvidos acontece a 13 de Outubro, na Casa do Artista Jaime Isidoro, com entrada livre.
O coordenador artístico e de produção da FBAC, Cabral Pinto, também citado naquela nota, referiu tratar-se de “uma homenagem a um grande ícone das artes plásticas em Portugal, um artista excepcional que deixou marcas profundas e um legado cultural de excelência em Vila Nova de Cerveira”. Em 2012, a Câmara da “vila das artes” distinguiu “o trabalho e dedicação” de José Rodrigues, agraciando-o com a medalha de honra do município, “pelo impulso que conferiu às bienais internacionais de arte de Vila Nova Cerveira e ao seu papel enquanto director artístico, na sexta edição”.
Considerado um dos fundadores da bienal, a mais antiga do país que se realiza desde 1978, o escultor foi homenageado em 2011, na abertura da edição daquele ano, numa cerimónia que contou com a presença do então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Em Vila Nova de Cerveira, além do “Cervo” e do “Esforço”, José Rodrigues é ainda o autor da peça “Navegações”, situada junto à margem do rio Minho, e do espólio do Convento São Paio, na Serra da Gávea, que adquiriu, restaurou e onde viveu.