Ngugi wa Thiong’o continua a liderar apostas para Nobel da Literatura
A poucas horas de ser anunciado o Nobel da Literatura de 2016, o queniano Ngugi wa Thiong’o continua a ser o favorito das casas de apostas, seguido de perto por Murakami, Adonis e um Don DeLillo em rápida ascensão.
Quando faltam menos de 24 horas para a Academia Sueca anunciar, em Estocolmo, o Prémio Nobel da Literatura de 2016 – a conferência de imprensa está marcada para as 13h (12h em Lisboa) desta quinta-feira –, o escritor queniano Ngugi wa Thiong’o continua a ser o favorito dos clientes das principais casas de apostas, incluindo a Ladbrokes, sediada em Londres, que em 2015 acertou na vitória da bielorrussa Svetlana Alexievich.
Embora o queniano surja há já alguns anos nas listas de possíveis candidatos, o facto de agora concentrar a maioria das apostas não deixa de ser surpreendente e sugere que alguém pode ter recebido a indicação, verdadeira ou falsa, de que o autor integra a shortlist de cinco nomes que o Comité do Nobel elege sempre em Maio, algo que, caso o queniano acabe por não ganhar, só saberemos ao certo daqui a 50 anos, quando forem libertadas as actas das reuniões do júri.
O mesmo raciocínio aplica-se ainda mais obviamente ao acertado palpite dos apostadores da Ladbrokes em Alexievich, no ano passado, tanto mais estranho quanto é sabido que a Academia Sueca, apesar de excepções como a de Winston Churchill, raramente sai do âmbito dos criadores literários em sentido estrito: romancistas e contistas, poetas, dramaturgos.
Além da bielorrussa, também J. M. G. Le Clézio, Herta Müller e Tomas Tranströmer estavam no topo das apostas da Ladbrokes quando receberam o Nobel, respectivamente em 2008, 2009 e 2011, o que significa que, nos últimos oito anos, os clientes desta casa de apostas anteciparam correctamente o vencedor em metade dos casos. E resta saber se naqueles em que falharam, o seu favorito não estava de facto na shortlist do prémio.
Em 2016, Ngugi wa Thiong’o lidera até ao momento a lista da Ladbrokes, que paga apenas seis euros por cada euro apostado no queniano. Empatados em segundo lugar, com probabilidades de 7/1, estão o romancista japonês Haruki Murakami e o poeta sírio Adonis, radicado em França.
Vindo de posições que o davam como uma carta praticamente fora do baralho, o romancista americano Don DeLillo teve uma ascensão meteórica na lista da Ladbrokes e está agora em quarto lugar isolado, com probabilidades de 9/1. Já o seu compatriota Philip Roth, um dos mais crónicos candidatos ao Nobel da Literatura, aparece logo a seguir, com probabilidades de 13/1, as mesmas que o dramaturgo norueguês Jon Fosse.
O sétimo posto é do poeta sul-coreano Ko Un (15/1), seguindo-se o romancista espanhol Javier Marías (17/1), empatado com outro caso de subida acelerada na lista da Ladbrokes: Bob Dylan. As letras de canções, as crónicas e os outros escritos do músico estão longe de constituir um corpus literário negligenciável, mas a sua escolha para o Nobel da Literatura seria, ainda assim, uma considerável surpresa, e não exactamente porque isso o primeiro autor masculino dos Estados Unidos a ganhar o prémio desde que John Steinbeck o recebeu há mais de 50 anos, em 1962.
Finalmente, com probabilidades de 21/1, a lista da Ladbrokes inclui sete autores, entre os quais se conta António Lobo Antunes, o que tecnicamente o coloca no top ten dos favoritos, juntamente com a americana Joyce Carol Oates, o albanês Ismail Kadaré, o argentino César Aira, o irlandês John Banville e os húngaro Péter Nádas e László Krasznahorkai.