Trump "desqualificou-se" logo no primeiro debate com Clinton, diz Fidel
Candidato republicano parte em desvantagem para o debate deste domingo, escreveu o antigo presidente cubano num artigo de opinião.
O ex-Presidente cubano Fidel Castro considerou neste domingo que o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, “desqualificou-se” logo no no debate de há duas semanas com a adversária democrata, Hillary Clinton. Num artigo de opinião publicado nos media cubanos, Castro, que há dez anos se retirou do poder, apelou aos seus compatriotas para que “não esqueçam que hoje haverá um debate entre candidatos” às presidenciais norte-americanas.
Segundo o artigo do antigo antigo Presidente cubano, citado pela AFP, no debate de há duas semanas “ocorreu um acontecimento chocante”. É que Donald Trump, “supostamente um especialista qualificado”, mostrou-se, “tal como Barack [Obama]” despreparado em relação às suas políticas, em contraste com uma Hillary Clinton mais calma e melhor preparada, que dominou o debate.
Com o mais recente escândalo a manchar a candidatura de Trump – a divulgação de um vídeo em que faz comentários sexistas e degradantes sobre as mulheres – e a retirada de apoio de figuras destacadas do Partido Republicano, como o senador John MacCain (ele próprio candidato à Casa Branca em 2008) e a ex-secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice, Trump parte para o debate com Clinton numa posição fragilizada.
Até à data, as autoridades cubanas, empenhadas numa reaproximação histórica aos Estados Unidos não tinham ainda feito qualquer apreciação sobre os dois candidatos presidenciais, mas estas declarações de Fidel Castro constituem uma clara indicação sobre as preferências de Havana, escreve a AFP. Até porque Clinton sempre foi foi uma aberta defensora da ponte estendida por Obama a Cuba, ao passo que Trump sempre se mostrou favorável a uma política mais rígida face ao regime dos Castro.
Em 2006, Fidel Castro foi vítima de uma hemorragia intestinal e manteve-se afastado da vida pública, suscitando uma série de rumores sobre o seu estado de saúde. Contudo, há cerca de dois anos, recomeçou a publicar as suas “reflexões” e a receber na sua casa de Havana vários dignitários estrangeiros. Aos 90 anos, Fidel, que ainda é uma voz escutada na ilha caribenha, nunca pôs em causa a mudança de política do seu irmão em relação aos Estados Unidos, mas não consegue resistir a manifestar a sua desconfiança em relação a Washington.