Principal jornal da oposição na Hungria foi suspenso por falta de dinheiro
Fecho do principal jornal diário aumenta preocupações com a liberdade de imprensa no país governado pelo conservador nacionalista Viktor Orbán.
A publicação do Nepszabadsag, o principal jornal da oposição na Hungria, foi suspensa por “razões económicas”. O anúncio foi feito neste sábado pelo proprietário do título, o grupo Mediaworks, noticia a AFP. Em comunicado, o grupo de media explicou que a suspensão do projecto se deve a razões económicas e que ela durará “até à formulação e execução de um novo conceito” editorial.
Em reacção à notícia, a oposição socialista ao Governo conservador nacionalista do primeiro-ministro Viktor Orbán considerou tratar-se de “um dia negro para a imprensa” e apelou à realização de uma manifestação em frente às instalações do jornal nesta tarde de sábado.
O Nepszabadsag é o jornal de maior tiragem na Hungria e um crítico feroz do primeiro-ministro e das suas políticas anti-imigração; foi assim a propósito do referendo recentemente realizado no país sobre o plano de relocalização de refugiados na União Europeia.
Os críticos de Viktor Orbán acusam-no frequente de tentar instrumentalizar os media e garantem que vários meios de comunicação privados foram comprados por oligarcas próximos do primeiro-ministro.
“Estamos em estado de choque”, disse à AFP um jornalista do Nepszabadsag. “É claro que eles dizem que a decisão foi tomada por motivos económicos, mas isso não é verdade”, disse a mesma fonte, revelando que os jornalistas que estavam a trabalhar em artigos para a edição de segunda-feira foram impedidos de entrar na redacção e receberam cartas informando-os da suspensão do jornal.
“É um enorme golpe para o jornalismo de investigação e para a liberdade de imprensa”, assegurou o jornalista, afirmando que o Nepszabadsag representava o maior grupo editorial que na Hungria tentava “defender as liberdades fundamentais, a democracia, a liberdade de expressão e a tolerância”.
O grupo Mediaworks assegurou que a tiragem do diário caiu 74% na última década e perdeu cinco mil milhões de florins (16,4 milhões de euros) e por isso deve conseguir adaptar-se às tendências do mercado, escreve a AFP.
O grupo é controlado pelo fundo Vienna Capital Partners, liderado pelo magnata austríaco Heinrich Pecina, que comprou vários títulos de imprensa húngaros em 2014.