Investigadores portugueses criam fundo de 2,5 milhões de euros para desenvolver terapias para o cancro
A plataforma reúne cerca de meia centena de investigadores e irá focar-se em novos tratamentos terapêuticos para o cancro.
Um consórcio com investigadores de várias unidades organizou uma plataforma para descoberta e desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e soluções dirigidos a doentes oncológicos, projecto que recebeu um financiamento de 2,5 milhões de euros.
Coordenada pelo Instituto de Investigação do Medicamento (iMed.ULisboa), a plataforma tem "a participação de outros centros de investigação com o objectivo de criar a possibilidade de descobrir e desenvolver novas tecnologias, produtos e soluções na área de oncologia", disse esta sexta-feira à agência Lusa a responsável pelo projecto.
Dedica-se "primeiramente a terapêuticas, mas também é aplicável a prevenção e controlo de doenças e não tem somente a ver com o cancro, [embora seja esse o nosso primeiro alvo]", acrescentou Cecília Rodrigues, que também é coordenadora do iMed.ULisboa, líder do projecto, e investigadora da Faculdade de Farmácia.
O trabalho, que será desenvolvido em três anos, tem 2,5 milhões de euros de financiamento do programa Portugal 2020, e "várias fases e em cada uma tem objectivos muito específicos e concretos", avançou a responsável.
A primeira fase, explicou Cecília Rodrigues, tem a ver com "uma triagem de alto débito de colecções de produtos naturais derivados do mar ou de plantas e sintéticos", sendo esperados os primeiros resultados "três a seis meses depois do início".
Apesar de centrar-se na oncologia, principalmente no cancro do cólon, a plataforma "é suficientemente moldável e extrapolável para outras aplicações", como infecções, doenças neurológicas, neurodegenerativas, ou doenças do metabolismo - "doenças que, de algum modo, estão relacionadas com o envelhecimento, e também muito [com os] estilos de vida", especificou a especialista, referindo os exemplos do tabagismo, das dietas desequilibradas ou da inactividade física.
São 50 a 60 os investigadores directamente relacionados com o projecto, oriundos de várias áreas, desde farmacêuticos a engenheiros químicos, biofísicos, bioquímicos, biólogos ou médicos veterinários, além de envolver médicos de dois hospitais que colaboram na iniciativa - Hospital da Luz, em Lisboa, e Hospital Beatriz Angelo, em Loures -, e associações de doentes.
A coordenadora da plataforma referiu que vários outros profissionais vão associar-se durante o desenvolvimento do projecto, "já que outro dos objectivos é formar especialistas e criar emprego qualificado".
Além do iMed.ULisboa, o consórcio chamado POINT4PAC (Precision Oncology by Innovative Therapies and Technologies), que vai receber o financiamento, tem a participação do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, do Centro de Química Estrutural, do Instituto de Nanociência e Nanotecnologia, do Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal e do Instituto Politécnico de Leiria.