Lisboa vai ter "uma espécie de Loja do Cidadão" para universitários estrangeiros
A Câmara de Lisboa está apostada em que alguns dos 15 mil alunos internacionais que estudam na área metropolitana sejam "futuros lisboetas".
Em contraciclo com a queda no total de estudantes do ensino superior na Área Metropolitana de Lisboa (AML), o número de estudantes estrangeiros tem vindo a aumentar, representando hoje cerca de 12% dos inscritos. A pensar neles, a Câmara de Lisboa vai criar “uma espécie de Loja de Cidadão”, em parceria com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e dinamizar “uma semana de boas vindas”.
Estas são algumas das iniciativas do projecto Study in Lisbon, que junta diferentes parceiros, “dos sistemas académicos e de inovação da cidade”, com o objectivo de “servir de veículo promocional à captação de estudantes internacionais e investigadores para a cidade”.
Esta quinta-feira, a Câmara de Lisboa promoveu uma conferência de imprensa para dar a conhecer o projecto e para divulgar alguns indicadores sobre os estudantes estrangeiros que escolhem a capital para estudar. Na ocasião, o vice-presidente da autarquia considerou ser “fundamental para Lisboa, para o seu futuro, atractividade e crescimento”, que a cidade seja capaz de “captar e reter talento internacional”.
“De 2010 até à data o número de estudantes do ensino superior tem decrescido. Curiosamente ao nível dos estudantes internacionais aconteceu o aposto”, frisou Duarte Cordeiro, notando que os últimos são hoje mais seis mil do que no início da década. O seu peso no total de estudantes do ensino superior da AML, acrescentou, cresceu de seis para 12%.
Quanto às suas nacionalidades, o autarca constatou que em 2004 cerca de 80% dos alunos estrangeiros provinham da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Actualmente o peso desses estados desceu para perto de 50%, tendo-se verificado “uma tendência de crescimento essencialmente de países europeus”, como “Itália, França e Alemanha”.
A expectativa de Duarte Cordeiro é que parte dos 14 mil estudantes estrangeiros que estudam nas universidades de Lisboa (número que passa para 15 mil se se tiver em conta toda a área metropolitana) acabem por ficar na capital. “Podem ser futuros lisboetas. É isso que queremos: futuros trabalhadores, empresários, investigadores”, afirmou, constatando que tal poderá ajudar a mitigar alguns dos desafios com que a cidade se confronta. Entre eles o “demográfico” e o de “brain drain” [fuga de cérebros].
O vice-presidente do município anunciou que em Novembro vai abrir as portas o Study in Lisbon Lounge, “uma espécie de Loja do Cidadão para estudantes universitários internacionais”. “É uma parceria nossa com o SEF”, disse, explicando que no local será por exemplo possível “tratar de vistos, passaportes, atestados de residência”.
“Achamos que vai ser um espaço muito concorrido”, antecipou. Segundo o autarca, o Study in Lisbon Lounge será instalado na Avenida das Forças Armadas, no empreendimento da antiga Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL).
Antes disso, de 10 a 14 de Outubro, o município vai promover, “com diversos parceiros da cidade”, “uma semana de boas vindas” aos estudantes estrangeiros. Duarte Cordeiro destacou algumas das iniciativas que vão realizar-se nessa semana, como uma viagem de barco no Tejo, um passeio pedonal nos bairros históricos de Lisboa e uma recepção nos Paços do Concelho, com “a oportunidade de conhecer o presidente da câmara”.
“Eu fui estudante internacional, em Antuérpia, e não tive nada disto”, disse Duarte Cordeiro, que acredita que a semana que aí vem vai ser “uma grande ajuda” para os recém-chegados ao país.